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História e Cultura Afro-brasileira nas Escolas | Matias Belido dos Santos




Nas últimas décadas o Brasil vem conhecendo um aumento significativo dos espaços destinados a temas que tratam sobre História Indígena e Cultura Afro-brasileira, principalmente nos meios digitais e na internet. É das possibilidades em torno dessa questão que pretendemos falar nesse texto.

É de conhecimento geral que a Lei nº 10.639/2003, tornou obrigatório nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares o ensino sobre a história e cultura afro-brasileira. Tão logo essa lei foi oficializada os métodos de aplicabilidade começaram serem discutidos em larga escala em certos círculos intelectuais onde muitos críticos supuseram não haver possibilidades metodológicas de aplicação da referida lei em sala de aula. Por outro lado, datas comemorativas como, o Dia da Consciência Negra (20 de novembro), servem de estímulos para debates, oficinas e palestras em encontros sobre o tema.

Mas poderia nos surgir uma pergunta: como tratar o tema em sala de aula?


Sabe-se que o Brasil atual é resultante do encontro várias culturas, uma espécie de mosaico cultural. É por isso que conhecer o Brasil equivale a conhecer a história e a cultura de diferentes grupos e povos. Nesse sentido, não temos melhor caminho para entender a história social e cultural deste País, a não ser começar pelo estudo de suas matrizes culturais, tais como a indígena, europeia, africana... Enfim, enfatizando a heterogeneidade do espaço e das sociedades que aqui viveram e vivem.


Porém, não é isso que acontece na história do Brasil, até hoje ensinada através da historiografia oficial. Na maioria dos livros e materiais didáticos que conhecemos, as contribuições dos africanos e seus descendentes brasileiros ainda são em boa medida ausentes e quando presentes são mostrados de um ponto de vista estereotipado e preconceituoso, o que ocorre também com a história indígena.


Para o enfoque da história do negro, 
da África, bem como suas dinâmicas culturais e sociais, sugiro que, na época de informatização em que vivemos, sejam apresentados através do uso da imagem. Aliás, somente para citar, a imagem foi e continua sendo largamente utilizada para encobrir a história de muitos povos. Mas a proposta aqui é outra.

É fato que a imagem pode colaborar na rememoração da história dessas populações, como na reconstrução da identidade afrodescendente e na apreensão do conhecimento da territorialidade e a história do negro no Brasil.


Evidentemente, que existem outros pontos de vista, mas compreender melhor a utilização das novas tecnologias da educação, sobretudo para a elaboração de aulas de história, tem sido uma ideia bem aceita entre os pesquisadores e professores em geral, sobretudo de gerações mais novas. 
A utilização e popularização da internet entre os alunos, principalmente, de escolas públicas tem sido um bom caminho para incentivar a utilização de outros recursos na realização de pesquisas.

Mas, por outro lado, devemos entender que o trabalho copiado da internet não foi produzido pelo aluno, e que pouco o ajudará a desenvolver seu pensamento crítico a respeito da realidade vivida socialmente. Isso deve ficar claro. Os trabalhos devem ser produzidos com auxílio da internet e não copiados literalmente como se tem percebido em muitos casos - o que se torna plágio intelectual, que não ajuda o aluno a melhorar a escrita, nem a leitura. 


O trabalho utilizado corretamente com as mídias e outros meios tecnológicos como fontes alternativas, pode permitir que o aluno perceba que existe uma infinidade de informações oferecidas e que podem resultar em melhor aprendizagem. Pode também resultar em material didático alternativo para ser usado em sala de aula pelo professor. A falta de planejamento e estruturação tem ofuscado um pouco a realização desse trabalho, mas é possível perceber alguns feitos nessa direção.

Mesmo assim, não seria possível realizar pesquisas nobres sobre o tema sem dialogar com as várias áreas do saber. Isto é, as pesquisas podem ser feitas de maneira interdisciplinar em livros, textos e quando possível na internet, com ênfase em várias disciplinas que se complementam. O fim dessa pesquisa pode resultar na materialização de um rico material didático de fácil interpretação e compreensão do tema em estudo. O material pode, por exemplo, ser montado no PowerPoint, contendo textos e ilustrações ou ainda em vídeos, contendo animações e músicas. Esses materiais podem ser socializados e apresentados na aula.


Além disso, a escolha e sistematização do material podem possibilitar a montagem de uma pasta de arquivos, tornando-se material didático alternativo, que pode ficar disponível para a escola para uso em futuros trabalhos semelhantes.


Finalmente, cabe registrar que não quero ser mal entendido com este artigo. Sei que nos faltam muitos recursos e que pouco ou quase nada tem sido feito por parte do governo para atenuar essa triste realidade. Mas, por outro lado, sei que dispomos de recursos humanos infinitamente superior.

Agora é a nossa vez...

Assista:
Se estiver recebendo no e-mail e não conseguir ver o vídeo, clique aqui.

(*) Mestre em História pela Faculdade de Ciências Humanas (FCH) da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD).

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2 Comentários

  1. Material excelente, além de chamar atenção para essa temática, e o quanto precisamos abordar da forma justa. E muito bom a abordagem sobre como orientar noss@s estudantes para as pesquisas.

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    1. Realmente, a ideia é contribuir pra reflexão e pra melhoria do tratamento de temas tão fundamentais quanto esses

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