
Dentre as obras de José de Souza Martins, "Fronteira" é um livro importantíssimo para entender as fronteiras interiores do Brasil.
Ele trata das diferenças, dos conflitos e das formas de contato entre o "civilizado" que expande e o "arcaico" que habita os espaços e com frequência é combatido e, não raras vezes, aniquilado.
Com um subtítulo sugestivo, "A Degradação do Outro nos Confins do Humano", o livro fala sobre os confins que separam o Nós dos Outros nas fronteias, que sabemos não serem naturais. Trata sobre as diferentes e conflitivas espacialidades de nossa expansão interna, nesse demorado movimento iniciado com a Conquista e ainda não completado, que nos leva a encontrar o novo.
A fronteira é o espaço próprio do encontro de sociedades e culturas entre si diferentes: a sociedade indígena (tida como a barbárie) e a sociedade dita “civilizada” - que inclui as várias e substancialmente diferentes nuances da sociedade de "brancos" e mestiços que somos. A fronteira é o lugar da liminaridade, da indefinição e do conflito.
Tem sido o lugar da busca desenfreada de oportunidades para alguns, como aqueles que ainda saem do Nordeste e por vezes o fazem em levas migratórias, rumo às terras que para eles são novas, esperando encontrar trabalho e meio de sobrevivência e por vezes encontrando confronto e morte, ou quando não isso a exploração em seringais, mineradoras e madeireiras. São esses migrantes, por vezes (com frequência diria o autor), inseridos na guerra contra os indígenas que resistem às invasões, sendo grandes os saldos de mortes e as atrocidades praticadas.
José de Souza Martins é um dos grandes cientistas do século XX, que trata das questões de fronteiras, entre outras, incluindo nelas as relações humanas nas movimentações econômicas, do trabalho e de expansão territorial, nas chamadas frentes de expansão e frentes pioneiras, onde o capital segue (por vezes ao mesmo tempo) a ampliação da fronteira territorial.
É com certeza uma obra de referência para os estudiosos sobre trabalhos compulsórios (especialmente na Amazônia e regiões afastadas dos grandes centros do Brasil), onde se encontram "semi-escravos" a viverem para o capitalismo, que não faz questão de excluí-los, pelo contrário.
É com certeza uma obra de referência para os estudiosos sobre trabalhos compulsórios (especialmente na Amazônia e regiões afastadas dos grandes centros do Brasil), onde se encontram "semi-escravos" a viverem para o capitalismo, que não faz questão de excluí-los, pelo contrário.
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* Originalmente postado em 14/fev/2016.
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