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Memórias de um acadêmico de História



Enfim a 1° turma de Historia da UFGD concluiu o curso. Não podemos deixar de ficar feliz com isso, pois foram quatro anos de batalhas para todo mundo conseguir tirar esse diplominha, mas também não posso deixar de ficar triste, pois não verei mais diariamente todas essas pessoas que fizeram parte da minha vida ao longo de todo esse tempo. Pessoas dos mais diferentes lugares, dos mais diferentes estilos, que por força de uma convivência diária tornaram-se amigos. Sempre tivemos orgulho em dizer que na nossa sala nunca houve qualquer tipo de briga, e de fato não houve mesmo. Éramos diversas panelinhas que conviveram pacificamente, sem rivalidades. Eu não sei se fazia parte de uma panelinha – acho que não -, mas posso dizer que mesmo assim fiz diversos amigos íntimos, que hoje frequentam minha casa, e que posso chamar até de irmãos.

Como poderei um dia me esquecer do trote que tomamos, do Seu Fernando representando um falso professor, com direito a quebra de celulares e vidros de porta; da minha primeira vez na Cordil no mesmo dia, onde tomamos vodka com refrigerante; do meu cabelo rapado por culpa da Ana Julia – você ainda ta me devendo uma, viu! rsrs. Os primeiros dias de aula no Ceud me colocaram diante de pessoas que viriam se tornar os meus parceiros eternos de pinga – Gustavo “puta”, o Dhione, o Leandro “demônio”, entre outros. A primeira vez que várias pessoas da sala foram tomar vinho naquelas esquinas, e o Marcola passou mal, e fez coisas que não postarei aqui.

Lembro-me com carinho também do primeiro trabalho do Zorzato que viemos fazer aqui em casa, sendo meus parceiros a Elaine, o Wilian “Pelego”, o Leandro “Gazela” e o Ivo, num grupo que se identificou como o resto da sala, por sermos os que não tinham sido escolhidos para grupo nenhum. A dificuldade em fazer as primeiras provas – aquela prova lascada do Jorge onde todo mundo se deu mal -, meu primeiro resultado de prova que foi um nove com o Eudes, e um baita porre que tomei por conta disso. As primeiras vezes que fui à Unidade 2, lá na rodovia, para fazer trabalho voluntário no Centro de Documentação Regional, indo de carro com o professor Cimó. O Centro era pequenino e nosso prédio não estava feito ainda. No primeiro ano ainda teve o Encontro estadual da Anpuh, que nós ajudamos a organizar. Foram dias que passei lá nos três turnos, com direito a assistir o show do Paralamas no meu aniversario (na UNIGRAN). No fim do ano fizemos o amigo secreto e teve gente que quebrou a pinga de canela do Puta e ainda foi um dos que mijou no fusca que estava lá embaixo – desculpas de novo, viu Rose.

O trote que nós aplicamos, refazendo o falso professor, desta vez com o Zimmerman, que sempre tão despojado em seu vestuário, dessa vez apareceu com roupa por dentro, sapato, óculos e um cabelo repartido. Levamos o pessoal para a Cordil e teve até um que se perdeu e por “sorte” se encontrou comigo e com o “Puta”. No outro dia houve telefonemas desesperados, pois o calouro tinha desaparecido, e ainda jogaram a culpa em mim... hahaha. Nessa época ficávamos eu e o Zé na sala de computação no Ceud. Lá que fiz meu primeiro projeto para a Iniciação Cientifica, morrendo de medo do João Carlos, quando fui pela primeira vez conversar com ele, após uma prova que ele havia dado no quarto ano.

Aí veio a viagem para São Leopoldo. Quanta coisa que não posso falar dessa viagem: que consegui ir no último instante, graças a 50 reais da professora Benícia, o atraso de doze horas do ônibus e o sábado que passamos nas esquinas do Ceud a esperar uma definição, tocando violão e tomando cerveja. O inferninho no 1° andar no ônibus, com bebida e carteado, que ajudaram a passar mais rápido as 24 horas de viagem. Os inferninhos nos alojamentos, que fiz parte graças ao meu violão – quem tem violão não morre seco -, minha primeira visita a uma cidade grande, Porto Alegre e aquele caos hipnótico. Eu também freqüentei palestras, vi o John Manuel Monteiro, dormi na apresentação do Protasio – me desculpe, professor -, e acho que só. No mais não vou comentar, pois o que “aconteceu em São Leopoldo morreu em São Leopoldo”. Mas posso dizer que essa viajem foi responsável por uma união sem tamanho da nossa sala, quando nossa sala realmente se tornou o que foi até o final.

Ai veio o segundo semestre e começamos a receber a bolsa de Iniciação. Também fomos taxados como merdas e começaram nossas aulas na Unidade 2 – agora com o prédio concluído e o Centro aumentado. Nós ganhamos um laboratório com computadores e ar condicionado, e éramos obrigados a ficar o dia todo lá, com direito a pausa às seis horas para um salgado no R.U. Também conhecemos o novo barzinho, do Seu Capacete, que se não fui um freqüentador de forma tão constante se deve à distancia e à maior dificuldade das disciplinas.

O terceiro ano trouxe a aula do João Carlos. Gente, como estudei para essa matéria! Ela até afetou algumas pessoas da sala, que bebiam e encarnavam um revolucionário francês. No primeiro semestre também ganhei um convite da professora Nauk, recém chegada na Universidade, e que estava iniciando um projeto de pesquisa. Nem preciso dizer o quanto esse convite mudou minha vida acadêmica, e nem o quanto ela foi importante também para a minha vida pessoal. Consegui mais uma bolsa de Iniciação Cientifica e comprei um contrabaixo. Tornei-me um bandolero em tempo integral. Esse ano também trouxe as primeiras apresentações em congressos, que me deixa tão nervoso na hora, limitando até minha capacidade de falar; sem contar o ralo que dei para terminar o meu primeiro relatório.

O segundo semestre me trouxe de presente a viagem para Goiás, na cidade de Jataí. Foi uma viagem ótima, graças às meninas que foram – Ana Julia, Ana Paula, Juliana, Lediane, Roseline, Sara e Simone. A van, apesar de tornar muito cansativa uma viagem de doze horas devido à falta de espaço, foi de graça, e minha estadia e alimentação também – devo agradecer aqui ao Fabiano do mestrado. Lá fizemos amizades com as goianas e com os paranaenses. Teve uma moça da sala que arrumou mais até que amizade com um dos paranaenses. A viagem para Corumbá também foi o máximo. Acho que nunca bebi tanto na minha vida. Em uma noite choramos bebendo Fortin, além de algumas obsessões por pés e por braceletes que foram manifestadas; na outra noite fomos beber chopp pela metade do preço e nesse dia quase perdemos o Marcola. Na volta passei uma semana sem carteira porque esqueci-a bêbado no ônibus, mas isso também faz parte.

E o quarto ano talvez foi pra mim o melhor de todos. Nesse ano fiz amizade com um cara muito gente boa e que num primeiro momento não tinha ganhado a minha simpatia: o Fabio. Agradeço a ele todas as caronas, além de todas as cervejas que bebemos juntos lá no bar do Seu Capacete. No quarto ano pude freqüentar mais o bar. Também me aproximei muito de uma mocinha muito especial, que nunca tive proximidade e que hoje tem um lugar cativo no meu coração e também nesse pequeno texto: a senhorita Kátia Aline. Só acho uma pena nós termos ficado tão amigos só no quarto ano, mas ainda bem que temos mais dois anos de mestrado. Já no fim do ano tivemos a mais maluca de todas as aventuras desses quatro anos de curso: a viagem para Cuiabá, que tinha tudo para dar errado e no fim deu certo. Visitamos a Chapada dos Guimarães, conheci o lugar onde o juiz de fora que eu pesquiso sofreu o atentado a tiros; assisti a palestras de diversos autores que são íntimos devido a tantas leituras que já havia feito de obras suas.

E, com muito gosto reservo um parágrafo especial ao ultimo semestre. Posso dizer com orgulho que ele foi, de certa forma, redentor. Tudo que era para dar certo aconteceu, o que não era para dar certo deu certo e o que não era para acontecer também aconteceu, de forma certa. Foi um semestre trabalhoso, não nego. Nesse tempo terminei um relatório de Iniciação Cientifica, e recebi um convite que me deixou todo honrado: o de tentar a prova de seleção do mestrado. Eu não sabia o que fazer da minha vida, e tentar um mestrado logo de cara não estava descartado, mas era a ultima das possibilidades. A partir do convite dediquei-me especialmente a isso. Foram quatro longos meses de estudos e de apreensões. Contei com o apoio sincero de todos os meus amigos da sala, que dedicaram, inclusive rezas especiais para a minha aprovação. Acho que isso ajudou muito. Com eles pude falar sempre que me sentia um lixo e com vontade de desistir de tudo, ou quando achava que eu não iria passar, entre outras dessas. Enfim, posso dizer com orgulho que fui aprovado e que agora poderei passar mais dois anos na faculdade fazendo o que gosto. Não posso me esquecer da nossa última festa – em que morri com uma caixa de cerveja - para comemorar o fim do curso e também os aprovados no mestrado, em que tantas outras coisas boas aconteceram por lá.

Aqui encerro minhas recordações. Claro que tenho várias outras e poderia escrever um livro apenas delas. Poderia contar histórias com cada um de vocês, meus amigos, histórias essas que aconteceram dentro e fora da sala de aula ou do ambiente universitário, mas a proposta é só fazer um apanhado geral das melhores e piores – por que não? – coisas que me aconteceram ao longo dos quatro anos. Sei que terá pessoas que nunca mais chegarei a ver, assim como outras que verei pouquíssimas vezes, mas espero que esse número de pessoas seja o mínimo possível. Aqui me despeço, mas não sem antes agradecê-los por tudo e dizer, com o maior orgulho, que eu amo vocês.


Gustavo Balbueno de Almeida, 12/01/2010

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10 Comentários

  1. Logo terá a minha versão dos fatos também...rs

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  2. NOSSA... ROLOU UMA LÁGRIMA...HAUHAUAH
    PROFUNDO... MUITO PROFUNDO...UAHUAHAU

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  3. BALBUENO MANEZÃO!!!!

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  4. Bem, realmente os quatro anos que passamos na faculdade foram especiais em todos os sentidos. Não apenas nos estudos mas também nas viagens e amizades que fizemos. Neste texto escrito concordo que a viagem para o Rio grande do Sul foi importante para união da sala assim como a de Corumbá no terceiro ano. Vale lembrar que nossa sala teve número recorde de bolsistas (Iniciação Cientíifica, Pró-Licen, Bolsa permanencia, Monitoria e outras mais) e o maior número de aprovados no 4º ano na seleção de Mestrado (seis). E de maneira curiosa uma das turmas do curso mais antecipadas na organização da formatura (desde o segundo ano). Os trés primeiros anos foram de grandes amizades na sala, mas no último percebemos que não foi como antes. Um exemplo foi que grande parte da turma não fez questão de fazer um amigo secreto como teve nos últimos anos, uma pena. De qualquer maneira, veleu por tudo e parabéns pelo texto.

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  5. grande Gustavo, parceiro, amigo, com quem sempre pude contar na hora de precisar de um lugar pra passar a noite, podia ser no quarto, no sofá da sala ou até na varanda, rsrsrrsrs

    essa turma vai deixar muita saudade!!!

    Prof. Marco Antonio, Marcola pros amigos!!!

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  6. Queria agradecer ao anonimo, e, marcola...essa parte do quarto ficou gay pra caralho
    hahahahaha

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  7. Assino em baixo em tudo o que você falou Gustavo.
    Muitas coisas positivas e algumas coisas negativas em quatro anos. Agora chegou à hora da “verdade” e será definido quem serve pra professor mesmo ou é só enganação....ehehehehe.
    Brincadeiras a parte, acho nossa turma boa em todos os seguimentos e ainda vamos dar o que falar.
    Abraço a todos os colegas e em especial aos amigos que fiz nestes quatro anos.

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  8. Uuuaaaaaauuu!!! fiquei quase 1 hora lendo e quase chorando..nossa a gnt vai lendo e vendo as cenas...q saudade dessa turma!! amo todos!!!! ahhh ainda tem a formatura!!! E o tal "paranaense" vem!! hehehe

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  9. ai que lindooooooo...fiquei super emocionada com td q ve escreveu gustaaa!!!relembrei tdos os momentos vividos com vcs!!!por sorte tbm posso dizer q fiz grandes amigos!!! morrerei de saudades de vcs!amo cada um de um jeito especial!!!
    e bora festar pq a formatura tá chegando!yuhuuuuuuu
    bjosssss

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