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Brevíssimas reflexões sobre o Imaginário em Bronislaw Baczko e Cornelius Castoriadis

Cornelius Castoriadis, foto: www.columbia.edu


Quando estudamos o imaginário em fica evidente a dificuldade de fazer algumas sínteses que às vezes nos são necessárias, não para reduzir conceitos ou fórmulas, mas justamente para reconhecermos pontos diferenciais em cada um desses autores, principalmente quando estamos embalados também pelos estudos das representações e identidades.

Apesar disso, através das leituras de Bronislaw Baczko (Imaginação social) e Cornelius Castoriadis (A Instituição e o Imaginário: primeira abordagem), pudemos apreender muitas idéias que facilitam o entendimento do que seriam ou como se organizariam os imaginários, qual sua função e posição no meio social e como seu entendimento contribui ainda para pensar as redes de significação e símbolos e o próprio conceito de poder.

Disso tudo pudemos compreender a impossibilidade de reduzir o imaginário a uma funcionalidade, aonde ele serviria apenas de apoio às estruturas sociais e às instituições. Como dizia Baczko, o imaginário social vem sendo nos últimos tempos cada vez mais pensado para além de um simples apoio ou ornamento da vida material, que foi por muito tempo considerada a única real.

As instituições segundo Cornelius Castoriadis necessitam do imaginário, que por sua vez, além desse seu papel em relações as mesmas instituições, está imbricado em vários níveis de classificação e nos mais diversos lugares e formas humanas de se relacionar. É evidente o uso das representações para compor essas redes de significados e símbolos, criando ou reproduzindo sentidos, posições, preconceitos e estereótipos. Tendo também um papel fundamental na constituição das identidades.

Pudemos perceber que notória a situação dos conflitos no âmbito político, por exemplo, tomando o caso do Brasil e das eleições dos nossos governantes, onde se usa como disse Baczko, a mídia de maneira geral com a finalidade de desvalorizar a imagem do outro candidato, invalidar sua legitimidade e substitui-la pela sua, aí sim legitima, com representações engrandecedoras e cenas e símbolos cuidadosamente selecionados. No caso da União Soviética, por exemplo, Baczko cita o governo de Stálin e o Terror por ele imposto à sociedade, daí surgindo também as noções de exemplaridade, de “que apesar de tudo, ainda assim a vida está boa”, a pressão sobre o imaginário coletivo com imagens e símbolos que remetem ao mesmo tempo ao “bom governante”, “paizinho” ou líder carismático, qualidades que Stálin não tinha nem de longe.

Quando se toma ainda a Revolução Francesa como tema de estudos, por exemplo, pode-se pensar nos símbolos e nas representações que ela invoca, se apodera, ou recria, a fim de dar sentido a um regime que pretende ser novo, original, substituto do “antigo”, que seria então arcaico e ultrapassado. Com isso cria-se também a ideia das possibilidades ilimitadas, idealizadas, pensando o “novo amanhã” e lançando-o aos olhos dos participantes como algo possível e alcançável. Sem falar dos imaginários que já fazia parte do convívio dos camponeses franceses em suas lutas e marchas contra cobradores de impostos ou nobres e sua busca por um bem-estar idealizado, além das supostas ameaças, que na realidade nem existiam, mas que eram propagadas e permeavam imaginário coletivo.


É também certo que nos jogos de poder e redes simbólicas o grupo que detém o controle, ele é o mesmo que reproduz, que dita as regras, que diz o que é e o que não-é, o mesmo que absorve historicamente símbolos e representações precedentes e os transforma, ou não. Neste ponto entendemos que não existe imaginário que nasça do “nada”, eles precisam se apoderar de representações e símbolos que já estão postos, ainda que venha a alterá-los completamente, questiona-los ou inclui-los em uma nova roupagem.

Bronislaw Baczko, foto: www.css.edu.pl/index.htm

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