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Os EUA e sua visão do além-México



À parte os diálogos atuais entre Estados Unidos e Cuba e os avanços conseguidos, às vezes tenho a impressão de que muitos (não digo todos) norte-americanos imaginam o espaço pós fronteira nas Américas, a partir do México, como um abismo ou uma espécie de escuridão infinita que guarda em seu interior monstros e ninfas, sereias e dragões. 

Talvez tenha sua explicação em uma espécie de imaginação medieval que não evoluiu com as ciências ao longo dos séculos. A imagem que eles parecem ter dos latino-americanos se resume ao que está mais próximo, ou seja, o vizinho México.


Herbert Draper, Ulisses e as Sereias

Essa sensação dos latino-americanos de não serem entendidos pelos americanos do Norte não tem nada de novo, mas do lado de lá parece se pautar em uma imagem nebulosa, que é vista do alto de uma montanha tibetana, onde, de tanto tempo de vivência isolada (ideologicamente), se sentindo mais próximo do céu, ou coisa parecida, não desce a montanha, a menos que sinta falta de comida ou outros suprimentos, que podem, por sua vez, serem encontrados fartamente na planície latina. 

Se bem que, como me disse algum amigo certa vez, nós, especialmente brasileiros, temos necessidade de sermos vistos - uns mais outros menos. Por outro lado, o mundo é assim e parece ser essa uma característica dos humanos. Se nós desejamos nos afirmar, ter uma posição de destaque, os que sempre foram notados, não precisam se esforçar para isso. 

Se bem também que a História mostra suas garras, como uma deusa que se encarrega de confundir sempre e revirar constantemente as prateleiras "organizadas" do planeta ao longos dos séculos. Se os tempos mostraram as sucessões, ora romanos ora norte-americanos (para não citar outros impérios), não esquecendo os britânicos, porque não imaginar que sempre vai mudar e nunca teremos um império eterno, ficando essa "eternidade" guardada para o campo metafísico e simbólico, na imaginação de um espaço ideal, pelo menos para alguns.


Monstro marinho, como era visto nos séculos XV 
e XVI. Imagem coletada da internet.

Não sou anti-americano, nem anti qualquer outra nação, pelo contrário, adoro é ver que a única que tem razão é a História e ainda assim, num plano, por vezes, intangível e intocável para os reles mortais. Gosto de viver e vivendo vejo o quanto é intrigante e interessante esse negócio do imprevisível, do "amanhã que não nos pertence", do "eterno devir", como dizia Giles Deleuze.

Por isso eu simplesmente vivo, tentando entender, mas, antes de mais nada vivendo. Quem sabe assim um dia eu entenda o que veem os norte-americanos nas terras distantes do além-México, no sul distante em que me encontro.


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Imagem coletada da internet.

** Postado originalmente em 20/out/2012.

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