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A regulamentação da profissão de HISTORIADOR para não historiadores

Montagem José A. Fernandes

Lei espatafúrdia... é como foi descrito o projeto de lei que regulamenta a profissão de HISTORIADOR. Pois é com essa palavra que Fernando Rodrigues futucou a ferida dos historiadores brasileiros, pelo menos aqueles que leram o artigo da Folha de São Paulo nos últimos dias. 

Entendamos o que essa palavra quer dizer (Minidicionário Aurélio Digital, 2004):

es.ta.pa.fúr.dio (Adjetivo). Extravagante, esquisito.


"Traduzindo", seria dizer que o projeto trata-se de algo que não se encaixa nos padrões, que não deveria existir e se existe não deve ser aceito, ou, como ele mesmo diz, é usar o extravagante para transformar o país "de lambança em lambança, numa pátria das corporações"

Ele diz ainda que

"A proposta é de um maniqueísmo atroz. Ignora que médicos, sociólogos, economistas, engenheiros, juristas, jornalistas ou cidadãos sem diploma possam acumular conhecimentos históricos sobre suas áreas de atuação. Terão todos de guardar para si o que aprenderem".

Cheio de palavras de "uso restrito", o opinador fala em maniqueísmo, como que colocando em lados opostos pessoas que estivessem igualmente qualificadas, como se já não tivessem espaço demais os nobres senhores engenheiros e médicos, sem falar nos demais, nas suas respectivas áreas. Talvez se ele entendesse o que é ser HISTORIADOR, deixaria ele de defender memorialistas e economistas que escrevem história (com h minúsculo) de forma descompromissada. 

Uma coisa é se interessar pelos temas de História, a outra é querer se meter em "terreno minado", onde só especialistas "paramentados" podem desarmar as "armadilhas" que fazem parte da escrita da HISTÓRIA. O nobre jornalista não compreende (não querendo eu dizer que ele fez de propósito) que para ser HISTORIADOR, temos que aprender a manejar ferramentas e fontes das mais diversas. Temos que suar e nos expor em arquivos as vezes insalubres para conseguir produzir HISTÓRIA de qualidade e de forma crítica.

Fica o dilema nacional, se deixarmos como está, professores de Educação Física e Matemática continuarão "ensinando" história (com h minúsculo novamente) aos nossos filhos. Se decidirmos mudar, veremos pessoas que se preparam, pelo menos uma parte dos que frequentam os cursos próprios do ofício, mesmo sabendo que ganharão mal, para ensinar com qualidade HISTÓRIA (esta toda maiúscula).

Paulo Paim e Aloysio Nunes. 
O autor e o adversário do projeto.

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4 Comentários

  1. Perfeito Joselito.
    Ultimamente temos percebido uma onda de falsos intelectuais que se consideram donos da verdade, e querem a todo custo empurrar goela abaixo da população essas estapafúrdias.
    O pior de tudo é que reduzem a nada o nosso esforço, nosso empenho e dedicação, enquanto estudantes ou professores de História.

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  2. Pois bem Juninho, de fato, muitos jornalistas vendem mais que historiadores. A ideia não é impedir o público em geral de apreciar e divulgar o conhecimento que sabe, mas sim dar mais espaço a quem tem direito.

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  3. A regulamentação da profissão de historiador é uma necessidade preemente da nossa sociedade. Atualmente, toda e qualquer pessoa que acumula alguns dados do passado se declara historiador. E realizam trabalhos sem qualquer base cientifica e sem qualquer valor de análise. A maioria é tão consiente da incopetência de seus próprios trabalhos que afirmam elaborar trabalhos de "romance histórico", ou seja, inventam um enredo com pouquissima base e vendem como um trabalho extremamente elaborado. Abaixo os jornalistas, economistas, colecionadores, e outros curiosos, que ocupam os legítimos espaços de nós, os históriadores, temos dificuldade de ocupar devido ao nosso compromisso com a boa pesquisa.

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  4. Pois é caro colega, tem muitos formados em História que preferem continuar sendo apenas "professores de história", mas isso tira de nós, na minha opinião, o direito de exigir espaço. Muitos desses professores que não querem ser "historiadores" já está a muito tempo na área e o que me parece, embora não devamos generalizar, é que estes se acomodaram com o tempo e acham mais confortável ficar com a posição que já tem (ou pelo menos assim acreditam).

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