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Sebos nossos de cada dia


Já há algum tempo que venho observando que muita gente não sabe o que é um SEBO. Quando sugiro em minhas aulas “visite um sebo” ou “procure tal livro em algum sebo”, alguns alunos me olham tentando confirmar que entenderam ou mesmo confirmando que não sabem do que se trata. Por isso esse texto...

Isso é curioso e ao mesmo tempo triste, afinal, além de comprar livros corriqueiros, os sebos são ótimos espaços para pessoas que adoram peneirar e colocar suas curiosidades em prática. Neles podemos garimpar obras raras (em alguns casos bem raras) e ter algumas boas surpresas, afinal nunca se sabe o que se pode encontrar de fato. O legal também é não se contentar em visitar apenas um sebo, mas com uma garrafa de água na mão e um pouco de boa vontade, ir visitando os sebos existentes na cidade.


Mas, triste também é ver que não existem sebos em toda parte, estão mais restritos às cidades maiores, o que não impede de apareçam em alguns lugares menores e em alguns momentos, como, por exemplo, os que são montados em diversas praias todo ano no verão - que não vendem só livros de cruzadinhas.

Bom, eu disse algumas qualidades, mas não disse ainda o que são os SEBOS. Sem muito segredo são lojas de livros, revistas e, às vezes, CDs, DVDs, discos de vinil e cada vez mais também outros colecionáveis. Ninguém sabe com certeza por que que se chamam "sebos", mas uma das versões diz que no tempo em que não havia luz elétrica as pessoas liam à luz de velas e as velas, naquele tempo, eram feitas de gordura, de sebo. Conforme iam derretendo, acabavam sujando os livros, que ficavam engordurados. Outros vão com o Eurico Brandão Jr., do famoso Sebo Brandão (que teria sido o primeiro a usar a palavra com esse sentido no Brasil), que discorda quanto a relação entre “sebo” e o hábito da leitura à luz de velas, dizendo que "sebo" vem do fato do livro ser manuseado constantemente, o que deixa os volumes “ensebados”*. 

Bom, o que devemos saber é que ele é o lugar (físico ou virtual) onde se compra, troca ou se vende esses produtos, de forma que se possa circular conhecimentos e itens colecionáveis. Você, além de comprar, pode vender ou trocar itens que tenha em casa e que queira se desfazer. Além do mais, ligado à sua natureza, deve-se dizer que os sebos servem como uma alternativa às livrarias convencionais, muitas vezes por seus preços abusivos e em muitos casos pouco acessíveis.

No caso de querer comprar algo, os preços dependem muito do conhecimento do vendedor sobre o valor da obra e sua raridade – um exemplo disso eu vivi há alguns anos, quando comprei o primeiro grande disco de Bob Dylan, Highway 61 revisited, original de 1965, sem riscos, pela bagatela de R$ 10,00 (se o vendedor soubesse o valor real do disco hoje ficaria decepcionado pelo que pediu). 

Mas, em muitos casos ainda encontram-se em sebos livros e revistas rotineiras, que quase sempre são compradas, lidas e depois trocadas novamente sem muito pestanejar. Em alguns momentos podem ocorrer também “queimas de estoque” em algumas dessas lojas, com estantes que juntam diversos itens por preços promocionais.
 
Imagem tirada de http://www.overmundo.com.br
Por fim, outra coisa que vem acontecendo cada vez mais é a cyberização dos sebos. É o caso das vendas online de livros, revistas e cia usados. Opções não faltam na internet, ocorrendo ainda uma verdadeira “globalização” cada vez mais facilitada dos acervos de sebos, encontrando-se obras em qualquer lugar do mundo, não se restringindo às regiões próximas onde moramos. 

Existem ainda sites que agregam uma infinidade de sebos em um único lugar, como nos exemplos mais conhecidos no Brasil da Estante Virtual e da Traça. Mas, duas coisas precisam ser levadas em conta, que podem encarecer e invalidar um achado nesses sites e portais: o valor dos fretes e o dos impostos por comércio inter-regional (ICMS) ou o internacional. O inconveniente nesse último caso, de comprar no exterior, é pagar taxas (de importação, IOFs e outras que possam ser imputadas pela Receita Federal) - mas se o produto for vendido por pessoa física isso pode ser bem reduzido.


Mas isso não pode nos assustar, pois como Indianas Jones à procurar jóias escondidas e cheia de armadilhas, poderemos nos surpreender positivamente e sair com preciosidades no final.


Bom, mas agora que já falamos sobre eles, o legal é usá-los, então boa garimpagem!



Lançamento de livro:


de Paul Strathern
por R$ 4,90 (quatro e noventa)!


Imagem do topo tirada de http://www.pesquisamundi.org/.




** Bira Câmara - De onde vem a palavra "sebo"?, do Jornal do Bibliófilo.


*** Originalmente postado em 4/jan/2013.

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2 Comentários

  1. sebo em itapoa? certeza? ONDE?

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  2. Em Itapoá tem na Expo Verão todo ano... fora de época tinha um, mas fechou

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