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Sobre a escravidão no Brasil


O tema desta postagem é a Escravidão no Brasil, que, embora seja muito importante, não é tratado adequadamente por professores e os alunos sabem muito menos. Sobre isso, gostaria de falar com vocês brevemente sobre algumas informações que passam batidas

Em primeiro lugar, nos tempos da escravidão, os negros eram conhecidos pelos nomes dos portos ou regiões africanos de onde vinham e não por suas etnias. Por exemplo, se fosse embarcado no porto de Benguela, se diria: "ah, fulano de tal é Benguela".


Além disso, eram batizados com novos nomes ocidentais, perdendo seus nomes originais, havendo assim ao longo de nossa história muitos Joãos, Marias, Fortunatas e Sebastiões.  


Um pouco mais polêmicos são os casos de alguns personagens lembrados constantemente quando se estuda o tema, como, por exemplo, Zumbi e Chica da Silva. A maioria dos livros didáticos que conheço esconde o fato de que essas duas pessoas, além de outras, conforme muitos pesquisadores, também tinham escravos. Não que devamos aqui denegrir suas imagens ou que seja missão do professor desconstruir esses heróis (o dia da morte de Zumbi, 20 de novembro, foi estabelecido como nosso Dia da Consciência Negra), mas acho que seria mais construtivo se abríssemos o jogo com os nossos alunos e abordássemos a questão com essas informações, que para muitos (inclusive para alguns professores) é nova.


Outro ponto polêmico é que a escravidão não é uma invenção ocidental, ela já era praticada entre os reinos e cidades africanos, inclusive entre aqueles convertidos ao Islamismo - assumindo claro formas diferentes ao longo da história. No caso africano já havia sim o comércio de escravos antes do contato com os europeus, se bem que em muitos reinos que assumiram o Islamismo como religião oficial houvesse espaço para os escravos em funções públicas e outros cargos burocráticos. 



Mercado de escravos no Yemen (1236-1237), Manuscrito árabe. 
Disponível no blog oridesmjr.blogspot.com.br

Sobre esses e outros aspectos da história afrodescendente brasileira e mundial podemos chamar a atenção ainda para outra questão que não é tradicionalmente abordada nas escolas: a das religiões e religiosidades originárias de várias etnias e reinos africanos. Neste caso, já está claro que na história que muitos de nós aprendemos há uma sobreposição das religiões dos povos "dominantes", sobretudo o Cristianismo e também, como mencionei antes, o Islamismo.


Assista ao nosso vídeo 


Caso esteja recebendo esse post por e-mail, clique aqui para assistir.

Por último, como dica de leitura quero deixar o livro A Enxada e a Lança, de 
Alberto da Costa e Silva.


 livro a enxada e a lanca
Clique aqui!

Foto do topo: Escravo de origem iorubá (grupo étnico da África Ocidental), com escoriações características. Foto de 1885, Coleção Tempostal, Salvador.

* Originalmente postado em 13/fev/2013.

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3 Comentários

  1. Interessante informação.Os escravos deram enorme parcela contribuinte para o desenvolvimento do Brasil.Merecem nosso respeito e consideração,apesar do sofrimento imposto a eles por conta da escravatura.Detalhes sobre a história deles,como esta aqui do blog,são de fato novidades para alguns.

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  2. Obrigado pelo comentário Samuel... como disse, a ideia não é ofender, mas tentar ser um pouco mais realista com a questão. Abraço

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  3. Comentários dessa postagem também no Linkedin, cliquem aqui.

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