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Em dia de "Chorão", Venezuela inicia luto por Hugo Chavez, oficialmente

Hugo Chavez. Foto de Juan Barreto/AFP

Parece estranho dizer isso, mas a impressão que tenho desde alguns meses atrás é que Hugo Chavez já não representava mais um obstáculo à oposição venezuelana. Na verdade, como alguns devem ter percebido também, a preocupação agora era com o que ficaria dos "destroços" do ChavismoComo uma guerra de algumas batalhas já perdidas (veja sobre isso aqui), eles devem estar conjecturando sobre o que fazer para assumir o poder no país.

Não estou defendendo erros e "desvios de percurso" do até então presidente do país vizinho, mas acho que muita coisa fala por si. O Chavismo bolivariano tinha muito apoio popular, tendo alguns reconhecido nele uma espécie de continuidade do legado de Fidel Castro (veja sobre isso em Imaginário da Revolução, de Beatriz Sarlo), inclusive com "aperfeiçoamentos" em relação ao modo cubano de governar.

Outro fato é que os "destroços" deixados com a morte de Chavez ficam nessa espécie de área de pós guerra, onde não se sabe exatamente quem saqueará e quem defenderá de fato. O que se sabe é que haverão eleições em no máximo 30 dias, como afirmou o vice Nicolàs Maduro, embora também tenha prometido, como presidente interino, a manutenção das bandeiras do coronel Chavez

Encerraria com uma citação de um texto que postei em algumas redes sociais, de CartaCapital*...

Apesar dos defeitos, Chávez permanecerá como um rosto – talvez não o mais bem-sucedido, mas certamente o mais ruidoso e expressivo – da virada histórica da América Latina deste início do século XXI, na qual as massas populares nativas e mestiças, após cinco séculos de marginalização, começam a conquistar a inclusão econômica e o protagonismo político e as elites a ceder parte do que sempre julgaram ser seu direito de nascença. Não se trata de ideias fundamentalmente novas, mas de dar conteúdo real a uma retórica nacionalista que é moeda corrente, mas sem lastro, desde o tempo de Bolívar – o que se mostra, para os privilegiados, muito mais assustador.

Mas... ainda não falei de Chorão, o vocalista da banda Charlie Brown Jr, que morreu neste dia 6 de março, um dia depois de Hugo Chavez, e consta no título dessa postagem. Bom, quem tem idade parecida a minha (ou mesmo que seja mais velho...rs) e viu as primeiras temporadas da famigerada Malhação, da Rede Globo, deve ter ouvido algumas músicas dessa banda, que tocavam como hino de jovens rebeldes definitivamente sem muita causa. O que quero chamar atenção é para o fato de que (podem esperar) a mídia vai dividir seu tempo precioso nos telejornais para falar de Chorão, afinal isso vai mudar a vida de países latino-americanos inteiros (muito além dos fãs dele, como conheço alguns)...

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