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"Como seria se eu fosse escravo": aluno Lucas

Domingos Jorge Velho. Benedito Calixto, 1903.

Aluno Lucas Batista Nunes

Eu sou um escravo vindo da Costa da Mina. Vim num navio onde vieram mais de 500 pessoas. Quando cheguei aqui no Brasil, umas 300 tinham morrido. 

Do porto de São Luiz fui diretamente ao mercado de pessoas, onde eramos comprados.

Fui a um engenho, onde fazíamos o corte da cana e a moíamos, mas havia homens que eram carpinteiros, ferreiros, pescadores e carregadores. Já as mulheres vendiam o que era produzido, eram domésticas e parteiras. 

Nossa alimentação era péssima. Recebíamos feijão e farinha. As vezes carne, as vezes nem recebíamos. Mas resistíamos. Quebrávamos ferramentas, fazíamos corpo mole, incendiávamos alguns lugares e agredíamos as pessoas que nos controlavam. Alguns se suicidavam. Mas todos eram capoeiristas. Eramos craques nisso. Mas sofríamos por fazer isso. Nos castigavam com palmatórias, gargalheiras, máscaras de flandres e correntes. 

Mas consegui fugir. Vivi num quilombo onde haviam brancos e indígenas. Era ótima a nossa vida. Plantávamos, criávamos, caçávamos de tudo. Era ótima a nossa alimentação. E isso foi graças aos holandeses que desorganizaram tudo.

Mas tudo o que é bom acaba e hoje voltei a trabalhar como escravo em São Paulo, agora como recompensa de um mercenário.

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