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Maduro presidente, Vargas Llosa e os EUA

Nicolás Maduro. Foto: Reuters/Folha.com

Logo no dia seguinte ao resultado das eleições na Venezuela, no dia 15 de abril (segunda feira), eu abri alguns sites de notícias para ler e vi: Nicolás Maduro é o novo presidente do país vizinho... mas, Henrique Capriles pede a recontagem dos votos.

Passaram-se alguns dias e algumas coisas ainda me chamam atenção no noticiário: Capriles continua pedindo a recontagem, alegando farsa eleitoral, enquanto Maduro responde que tudo correu nos conformes. Através do programa Conexion Global, a TV Telesur mostrou o processo de 14 auditorias (mais 15 das chamadas "auditorias ciudadanas") pelo qual é passado o sistema automatizado de votação (veja o vídeo). Já Humberto Castillo, ex-reitor do CNE Venezuela, afirma que os opositores "buscam criar dúvidas sobre um processo limpo" - processo que contou com a auditoria de membros de todos os partidos envolvidos (veja o vídeo).

Em apoio de Capriles (ou contra o chavismo) apareceu recentemente Mario Vargas Llosa, escritor peruano, prêmio Nobel de Literatura (2010). Em sua passagem pelo Brasil, ele resolveu dar entrevistas aos jornais "nacionais", falando sobre a situação dos países com regimes de esquerda nas Américas. Ontem 18 de abril, em entrevista concedida à Willian Waack, ele disse que "há motivos para otimismo", pois "os regimes socialistas estão no fim" e que o Liberalismo (sobretudo econômico) vem trazendo esperança para os países do mundo que o adotam (veja o vídeo).
  
É fácil de perceber que sua posição é bem contundente quando o assunto tratado é política. Já havia declarado tempos atrás que a política externa de Lula era irresponsável; Fidel Castro é "pré-histórico";  Chávez era um "aprendiz de ditador" e o chavismo foi um grande mal para a Venezuela [1]

Vargas Llosa ainda cutucou nossos vizinhos, comentando as eleições venezuelanas e criticando o fato de países como o Brasil já terem reconhecido seus resultados, ao contrário dos EUA, que através de seu Secretário Geral, John Kerry, disse que não "está pronto" para fazê-lo, a menos que Maduro concorde com a recontagem dos votos e dê "mais confiança à comunidade internacional em relação ao novo governo". Em resposta a essa posição dos Estados Unidos, Maduro, eleito com 50,66%, já declarou que pouco importa se eles reconhecem ou não e que "vão eles (os americanos) para longe da Venezuela". 


John Kerry, SG dos EUA. Foto: AP/el-carabobeno.com

Há que se respeitar o que pensa o nobre escritor Vargas Llosaautor de alguns bestsellers da literatura americana, como A Casa VerdeLituma nos Andes e A cidade e os cachorros. As pessoas devem ser livres para acreditar e defender a posição que achar melhor. Mas, se temos alguma ideia sobre estas situações apontadas que seja ela aqui mostrada. 

Assim, ligando os pontos do que foi dito aqui, ainda que parcialmente, entendo que: os grupos de direita (neoliberais, direita moderada, extrema direita, etc.) estão tentando aproveitar o momento favorável para declarar a vitória na "guerra" do Neoliberalismo contra o "Comunismo do século XXI" ainda sobrevivente; já os grupos de esquerda em seus mais diversos matizes (esquerda "revolucionária", esquerda conciliadora, esquerdas "endireitadas", etc.) mostram uma versatilidade incrível, mas ainda assim tentam se manter em seus postos, sem serem engolidos pelo regimes mais "fortes".

Mario Vargas Llosa. Foto: Kote Rodrigo/Efe

O que já é sabido é que Nicolás Maduro não é Chávez, não tem seu carisma, como mostrou Antonio Luiz Costa em uma reportagem de Carta Capital[2], embora dele tenha herdado o pouco de influência que lhe deu a vitória nestas eleições. Com ele também ficam as dúvidas: sobreviverá ou não o movimento de esquerda nas Américas nos próximos anos? E como isso se dará? Qual será o futuro político de Maduro? 

Sem um final para anunciar e para vermos como a história não acaba quando termina, entre agressões verbais e as vias de fato, a Venezuela já tem algumas vítimas, 7 mortos e mais de 60 feridos entre sua população civil, nas manifestações de prós e contra Maduro


[2] Antonio Luiz Costa. Uma transição delicada. in Carta Capital, ed. 739, ano XVIII, 13/mar/2013. 

Fontes: 




http://g1.globo.com/mundo/hugo-chavez/noticia/2013/04/herdeiro-politico-de-chavez-maduro-e-eleito-presidente-da-venezuela.html

Sobre os conflitos pós eleições:


http://www.telesurtv.net/articulos/2013/04/18/gobierno-venezolano-se-comprometio-a-hacer-justicia-ante-hechos-violentos-860.html

http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2013/04/capriles-cancela-manifestacao-apos-mortes-em-protestos-na-venezuela.html

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