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Sobre Globalização



Falar sobre Globalização é algo sempre importante e que envolve uma série de fatores, não podendo limitar a análise a algo específico. Noção usada frequentemente nas últimas décadas do século XX para justificar mudanças ocorridas nas mais diversas esferas da sociedade, ela abarca, entre outras coisas economia, política, cultura em geral. 

Na economia Globalização envolve as chamadas multinacionais (que alguns preferem chamar de transnacionais). Esses grandes grupos industriais dominam há tempos a economia mundial, se adequando ao longo do século XX, à “nova ordem” e às novas exigências aos países que passaram dominar o mercado mundial após a Segunda Guerra, investindo capital diretamente através de suas filiais de países diferentes da sede, visando sobretudo reduzir custos de produção, procurando mão de obra mais barata, e de distribuição de suas mercadorias, procurando reduzir custos de transporte ou de impostos e demais taxas alfandegárias. 

No Brasil, por exemplo, as filiais de grandes multinacionais vão se multiplicando sobretudo a partir da década de 1950, a exemplo do setor automotivo e de alimentos. Por aqui a “moda” vinha sendo a da “substituição de importações” por produções dentro do país, o que forçou algumas empresas estrangeiras a instalar-se por essas bandas. 

A questão econômica envolta na Globalização está ligada também à política dos países ao redor do planeta. Isso porque envolve questões complexas e interesses domésticos, abalados em graus variados pelos efeitos do envolvimento na economia mundial. Isso envolve ainda a questão da soberania nacional, da cessão em setores dos mais variados, levando por vezes a crises envolvendo, entre outras coisas, a xenofobia, afinal, o movimento migratório também está inserido nesse contexto. 

Não são raros os casos de norte africanos que migram todo ano para a Europa, buscando melhores condições de vida, alguns dos quais são rechaçados por políticas de defesa nacionalistas, como no caso da França em relação aos Argelinos, por exemplo. Além disso, não esqueçamos da zona do Euro, que junta um punhado de países com suas particularidades e que em épocas de crise (como a recente envolvendo países como Portugal, Grécia, entre outros) tem que lidar com problemas particulares e a eles dar respostas coletivas, tendo que socializar, além de um dinheiro e economia comuns, seus problemas particulares.

A cultura, tomada em sentido geral, o que envolve as artes, são também afetadas pelas formas de homogeneização ligadas à globalização. Se formos analisar, nós brasileiros, o quanto fomos influenciados pela cultura norte americana, com seus gostos e estilos, que envolvem a música também, perceberemos isso bem claramente - basta tomar o inglês, língua global que é. Podemos citar ainda alguns exemplos, como os fast foods, sobretudo representados pelo Mc Donalds, ou ainda a hegemônica da Coca-Cola no setor de refrigerantes. Na música, temos o Rock, que se espalhou pelo mundo e que, mesmo em sua diversidade de subtipos, deixa transparecer suas características fundamentais homogeneizadoras, seja nas roupas, seja nos gestos e atitudes. Como não falar, por exemplo, do Rock In Rio, que apesar de não ser só Rock (pelo menos no Brasil) virou uma marca poderosíssima que acontece não só no Rio de Janeiro.

Aliás, quando falamos em marcas, logo lembro das que dominam o mercado de roupas, calçados, acessórios, e por aí vai. Nesse sentido, podemos atentar para o quão complexo esse tema é, afinal, em busca de matérias primas e mão de obra mais baratas, as fábricas se espalham por lugares estratégicos, como a Índia e também diversos países africanos, onde mulheres, crianças, além dos demais trabalhadores em situação precária, trabalham para produzir Nikes, Gats e outros tantos luxuosos produtos do capitalismo globalizado. Nesse sentido, vemos também a China, atual segunda economia do globo, que vem ameaçando os Estados Unidos e demais países em sua hegemonia nos mercados do mundo. 



Claro que não se pode exagerar os efeitos do que chamamos de Globalização, afinal, não é exatamente uma novidade, tendo reafirmado “tendências presentes anteriormente no comércio internacional”**. Mas, de qualquer forma, ela está aí, com seus resultados, dando a impressão de que o mundo encolheu e as distâncias diminuíram sobremaneira. 

Nesse sentido, a internet veio avassaladora, trazendo uma carga de informações nunca antes vista, muitas das quais inúteis, mas muito apreciadas por públicos dos mais variados, outras, por sua vez, muito importantes em termos de conhecimento e fontes de informações. A internet se insere no desenvolvimento das tecnologias, que na segunda metade do século XX ganha novo incremento, somado aos resultados que já vinham desde o fim do século XVIII com a primeira Revolução Industrial. 

Em suma, o mundo já passou por máquinas que aceleraram a produção, sobretudo de tecidos, que se estenderam para o setor dos transportes, quando o trem e os navios ganharam o impulso do vapor. Já se viu o setor financeiro ganhando um espaço incrível sobretudo a partir do fim do século XIX, com a preponderância de bancos e mercados de ações. Setor financeiro que, por sua vez, teve um impacto muito expressivo nesse movimento global mais recente.

Já viu-se, por fim, o mundo ligado por cabos teleféricos, telefones, rádios, TVs, internet... O fato é então que, mesmo que não possamos exagerar a Globalização de maneira geral e irrefletida, como muitos vem fazendo, pois isso não nos cabe, não podemos igualmente negar que vivemos num mundo interligado, quer se queira quer não. Ou diríamos um mundo GLOBALIZADO?


* Imagem do topo retirada do site NewseVocê
** SAES, Flávio A. M.; SAES, Alexandre M.. História Econômica Geral. São Paulo: Ed. Saraiva, 2014.

FONTES DE REFERÊNCIA

SAES, Flávio A. M.; SAES, Alexandre M.. História Econômica Geral. São Paulo: Ed. Saraiva, 2014.

HIRST, P.; THOMPSON, G.. Globalização em questão. Petrópolis/RJ: Ed. Vozes, 1998. 

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