ATIVIDADE: jovens que estudam e trabalham

Há um tempo fiz uma atividade com alunos do Ensino Médio* procurando entender como eles lidam com a situação de ter que conciliar trabalho com os estudos. De forma breve compartilho o que observei.

Para a realização da mesma tomei uma turma de 3º Ano do Ensino Médio, usando para isso 3 aulas. Priorizei o debate com os alunos, a fim de saber o que pensavam a respeito de dividir-se entre serem estudantes e serem trabalhadores ao mesmo tempo. 

Para isso, propus algumas perguntas sobre a experiência dos mesmo ao longo dos 3 anos no EM. Eles deveriam refletir por um tempo, responder no caderno e depois debatê-las.

As perguntas

1. Em que sentido o Estado poderia ter agido/investido para melhorar a sua experiência no Ensino Médio?

2. Em que sentido a escola poderia ter agido/investido para melhorar o ambiente de estudo e a sua experiência enquanto estudante?

3. Por último, o que você enquanto estudante (especialmente se trabalhador) poderia ter agido melhor nesses três anos de Ensino Médio? 

Resultados

O objetivo não era registrar os debates passo a passo, mas sim entender as linhas gerais do que foi apresentado pelos alunos em suas experiências. Assim, eu as li e percebi que, de maneira geral, a maioria dos alunos se queixa de ter que trabalhar em turnos adaptáveis e estudar de manhã - ou se tomássemos os alunos que estudam à noite, o que não foi o caso, trabalhar o dia todo e estudar depois. Alguns alunos demonstraram, ao longo do ano em que estive com eles, visível cansaço por conta dessa rotina. 

Mas apesar das dificuldades, na maioria dos casos, acham importante essa experiência, ainda mais por sua necessidade de ter alguma independência financeira em relação ao que os pais lhes oferecem. 

Sobre a posição do Estado e as carências na Educação, foi consenso que há diversos problemas a serem resolvidos, como a falta de incentivos que possibilitem a dedicação exclusiva aos estudos. Falou-se nos estágios remunerados como uma opção, que alguns seguem, no sentido de aprender na prática coisas que veem na escola. Mas, claro, isso envolve apenas a parte prática, restando ainda a necessidade de reflexão humana, que é sem dúvida afetada pelo cansaço do dia a dia.

Em menor número, os alunos queixaram-se de que a escola poderia ter atividades mais dinâmicas, propostas mais atraentes e abertura para que eles pudessem se envolver mais no dia a dia da mesma, embora nas entrelinhas isso seja uma necessidade e esteja nos debates atuais sobre as formas de ensinar e mesmo de avaliar.

Em relação às suas experiências como alunos, foi frequente a consideração de que poderiam ter se dedicado mais, atentado mais aos conteúdos passados pelos professores, ter reduzido as conversas paralelas e terem se disposto mais às propostas disponíveis na escola.

Ainda assim, apesar das considerações feitas, a maioria avaliou como positiva a experiência no período de cursamento do Ensino Médio. Essa constatação não foi por acharem que tudo está perfeitamente como imaginam que deveria estar, mas sim por terem a visão de que dependem desse estágio para alcançarem algum objetivo no futuro próximo.

Algumas fotos da atividade...

* A atividade foi proposta no 3º ano 01, período matutino, da EEB Alfredo Zimmermann, de Guaramirim, SC. Foi realizado entre os dias 17 a 24 de setembro de 2014.

Gostou? Compartilhe?