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Sobre as "modinhas" musicais dos anos 80 e 90





Se você viveu de alguma forma os anos 80 e 90, deve ter notado como diversas modas surgiram e desapareceram. Tomemos o caso do Brasil e vamos ver o que "perdemos" ao longo desses anos.

Eu abriria lembrando de Xuxa e Sérgio Malandro. Quem hoje poderia imaginar ele como galã de algum filme? Talvez você, como muitos pequenos brasileiros, tenha torcido para ele trabalhar na Globo e para os dois ficarem juntos? De qualquer forma, os dois gravaram discos - e no caso dela, durante um bom tempo, foi a cantora que mais vendeu no Brasil, superando outras tantas famosas.

Mas temos também nesse cenário infantil Mara Maravilha e Eliana - e eu diria, se bem que um pouco menos, a Angélica - a ocuparem os espaços que sobravam da Rainha dos Baixinhos.

Esperto que era, em fins dos 80 Raul Seixas já havia partido em seu disco voador - deixando antes sua profecia sobre a década perdida e tendo tomado um guizado feito na Panela do Diabo. Partiu do mesmo Brasil em que surgiria a Lambada, um tipo de dança que fez Beto Barbosa virar celebridade e de repente sumir do mapa televisivo.

Por esse tempo também vimos sumir Chacrinha (1988) e estrelar grupos como Balão Mágico e Dominó... cópias de um mesmo momento e anseio do pop latino (como os porto-riquenhos dos Menudos, por exemplo). Afinal, não é verdade que muitos gostam de crianças e jovens animados e cheios de vida e que quando eles crescem perdem a graça? 

Aliás, Pop é pop porque passa, porque o povo que compra enjoa e descarta. Alguns nesse processo se converteram a alguma denominação religiosa e passaram a investir em um outro nicho de mercado, como Mara Maravilha, que já citamos, e Simony do Balão Mágico, que gerou polêmica com um pastor por na mesma época pousar para uma revista masculina de renome.

Falando em mercado, comprar discos foi deixando de ser realidade para que passássemos a preencher nossas prateleiras com a tecnologia do futuro CDs - pelo menos até os vinis começarem a voltar à moda, mas isso já bem recentemente.

A música, ainda ela, teve alguns ritmos que se sucederam até chegarmos aos sertanejos universitários e aos funks do momento (incluindo os infinitos MCs, cada vez mais "de menor"), daí uma das coisas que são interessantes das modinhas... 

Com Chitãozinho & Xororó sobrevivendo no início dos 90, com mais alguns nomes importantes, muitos foram aqueles que compraram suas fitas K7 ou CDs de Leandro e Leonardo, Zezé & Luciano ou João Paulo & Daniel - pra citar os mais badalados do fim dos anos 80 e início dos 1990. A coisa foi tão séria, que na cabeça às vezes vem aqueles refrões (única parte da música que geralmente lembramos) do tipo de "É o amor..." ou, por exemplo, o que me lembra que se não tenho mais certeza do amor dela, como dizia Leandro & Leonardo, posso implorar para "pensar em mim, chorar por mim, ligar pra mim"; era um desespero só pra convencer a moça a não pensar "nele"... E se nada funcionasse, aprendíamos com Christian & Ralf que o jeito era ir pra Nova York, se bem que sem a namorada, ou se conformar como fizeram Gian & Giovani, que viram o tempo passar e sofreram calados, pra descobrir que a moça tava casando, mas que não amava o marido (rs).

O negócio é que essas mesmas duplas enchiam as telas de TV, em programas como o saudoso Sabadão Sertanejo. Aliás, por falar nisso, por essa época Gugu (assim como Raul, o Gil) era um "lançador de talentos", seguindo os moldes, é claro, do mestre Silvio Santos e seu eterno Show de Calouro.

Mas logo entraram em cena os garotos propaganda da Kolgate, os pagodeiros (nada contra! rs), fazendo a alegria de alguns tantos moleques marotos e pimpolhos... Com tantos sons grudentos, deram às caras as companhias, como SPC, Raça Negra e Molejão! Era a bola da vez dar paulada na barata dela ou ganhar no paparico, com direito a celular e beca emprestados (o cara não tinha nem onde morar!).

Mas quem deu força a isso, a meu ver, foram os caras do Raça Negra, que num instante de autoestima lembravam pra mina que era "tarde demais", isso porque tiveram que "segurar a barra que é gostar" dela. Com isso esses caras abriam caminho para uma playlist recheada de lamentos que eram sucedidos por ataques de "ciúmes" e saltos de confiança demonstrados pelos herdeiros da banda, como as declarações à adorada Inara, feita pelo Katinguelê.



 cd raça negra novo millennium

Nesse tempo todo os roqueiros se retorciam. Eram frequentes as manifestações contra tais heresias. Mal sabiam eles que ainda haveria muito axé pelo caminho. Faziam aí suas aparições o grande Netinho da Bahia, acompanhado, entre outros tantos, do É O Tchan (que quando começou se chamava Gera Samba) e da Banda Eva, que daria luz à Ivete "ininrugável" Sangalo.

Um lampejo de criatividade que parecia que iria durar foram os Mamonas Assassinas. Mas, o destino ou algo do tipo tratou de interromper a marcha, fundindo o motor da única brasília que algum dia gostei na vida. Nunca fiquei pelado em Santos, mas já vi muitos amigos como eu cantarem Sabão Crá-crá e Chopis Centis, pra não citar, já citando, Robocop Gay.



O negócio é que, quando o século já findava, tomando um estilo que gosto em particular, podíamos contar nos dedos (mais uma vez a meu ver) aqueles que podiam ser chamados de representantes da cultura rock brasileira (e por isso eles continuavam se retorcendo). Os anos 80 tinham legado uma plêiade de Titãs, Paralamas, Legiões e Ratos... mas passaria então os 90 pelo período das 7 vacas magras, registrando, quando muito, na terra dos brasis bandas de respeito, tais como Raimundos, Charlie Brown Jr (um dos símbolos da Geração Malhação) e os mais cabeças Los Hermanos -  se bem que a cabeça de Chorão tenha feito estrago no nariz de Camelo, mas isso não vem ao caso aqui. 


 cd los hermanos

Bom, depois de tanto saudosismo, vocês devem estar cansados, por isso nem quero citar coisas "maravilhosas" que vieram com o século XXI, como nosso amado e praticamente extinto Restart (graças a Alá!). 

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