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Política e Futebol | por Heitor Henrique

  

Dando sequência aos meus textos aqui no blog, decidi desta vez falar sobre um fenômeno que cresce cada vez mais no Brasil, e também no mundo. Não se trata desta vez de avaliar o desempenho de algum político ou candidato a algum cargo representativo. Falarei da política vista como futebol.

É cada vez mais crescente ver cidadãos comprando a ideia de candidatos como se os mesmos fossem seu clube de futebol do coração, desta forma, o dito cidadão se comporta de maneira apaixonada e nada crítica diante de seu candidato ou político escolhido. Esta tornando-se comum isso, o eleitor aceita a proposta por ele mostrada sem nem mesmo questionar sua vigência e possível prática, apenas o aceita sabe-se lá por qual motivo. Vou chamar este cidadão de eleitor-torcedor

O eleitor-torcedor não questiona, não pensa, apenas segue, assim como torcedores fanáticos juntam-se à torcida do seu time, e junto dela vibra, se emociona ou se entristece com uma derrota. Este indivíduo também julga como um torcedor, se seu candidato é vencedor numa disputa é porque ele é superior aos demais, se por acaso perde, não se trata de ele não ter sido o escolhido pela maioria, mas sim por alguma artimanha criminosa do “time” adversário que não aceita perder.

Um dos perigos desta atitude apaixonada na política é a admiração cega como consequência. O eleitor-torcedor não consegue ver os erros e possíveis crimes que seu candidato escolhido possa ter cometido ou ainda irá cometer. Tudo não passa de uma estratégia maquiavélica da oposição.

Com este tipo de atitude surge também o inimigo político. O outro e seus seguidores não são mais vistos como adversários, mas como inimigos que devem ser derrotados. E toda essa rivalidade é cada vez mais alimentanda, principalmente na rede, podendo ter consequências trágicas, porque falta a esse eleitor-torcedor o respeito com o outro que pensa de maneira diferente da sua.

Este tipo de atitude do eleitor-torcedor acaba polarizando a política brasileira em dois campos opostos prontos pra se digladiar, e de forma totalmente equivocada cria-se a imagem do inimigo como o rico capitalista da direita pronto pra sugar sua força de trabalho ou como o perigoso comunista de esquerda que vai invadir e tomar suas propriedades. É bom lembrar que este cenário da Guerra Fria que opunha capitalismo e socialismo já acabou há quase trinta anos. Os tempos são outros, e com nuances cada vez mais complexas e difíceis de serem analisadas.

Portanto, com o texto de hoje gostaria de deixar bem claro a necessidade de separação entre a torcida cega ao clube de coração e o apoio dado a um candidato que se tenha escolhido votar. Nossa política nacional não é pautada numa fantasia ou devaneio de um ou outro mito que se diz surgir para salvar o Brasil, pelo contrário, é algo bem real, e só seremos bons eleitores e bons cidadãos se enxergarmos nossa política com interesse e seriedade, e não como um apaixonado torcedor de futebol. 


HEITOR ESPERANÇA HENRIQUE: É formado em História pela Universidade Estadual de Maringá, possui Mestrado pela mesma instituição. Inicia o seu doutorado pela Universidade Federal do Paraná em fevereiro de 2018. Atualmente atua como professor no departamento de História da Fafiman.

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