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Música e política no Brasil e no mundo | por Heitor Henrique




Hoje falarei sobre a relação entre música e política na esfera brasileira e alguns comentários sobre a realidade internacional.

Farei uma abordagem histórica sobre a relação entre música e política no Brasil desde a Ditadura Militar (1964-1985) até os dias atuais. Já no início da ditadura havia uma rica difusão de músicas politizadas que traziam críticas duras a repressão política imposta pelos militares, que vinham acompanhadas com as represálias em forma de perseguição ou exílio de compositores e cantores, exemplo desse modelo era o Movimento Tropicália. A censura era severa e constante. Ao mesmo tempo apareciam músicas sem conteúdo político que expressavam sentimentos como o amor, amizade e vida sertaneja que eram apoiadas e incentivadas pelo governo ditatorial, como por exemplo, a famosa Jovem Guarda com nomes consagrados de Roberto e Erasmo Carlos.

Na década de 1980, a ditadura perdia força e havia uma abertura para a redemocratização, ao mesmo tempo que ocorria um afrouxamento da censura. Com isso o aparecimento de estilos musicais críticos e politizados se tornou bem mais evidente. O Rock and Roll nacional apresentou ao Brasil diversas bandas com letras inteligentes que criticavam as diversas misérias nacionais da época. São exemplos desse estilo as bandas Legião Urbana, Capital Inicial, Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho, dentre outras. Artistas como Renato Russo, Raul Seixas e Cazuza fizeram fama por contestarem duramente a realidade nacional cheia de mazelas. Mas vale ressaltar que o estilo do rock não foi o único que trazia tal crítica, o menos conhecido na época Hip Hop também fazia o mesmo.

Tal situação não era característica exclusiva do Brasil. Na Europa e nos Estados Unidos durante o mesmo período da ditadura no Brasil surgiam artistas com o mesmo interesse. Na Inglaterra os Beatles e os Rolling Stones são exemplos clássicos dessa temática. Na Irlanda do Norte surge a famosa banda U2, que se mantem engajada nos problemas sociais mundiais até os dias atuais, liderada pelo atuante Bono Vox. Nos Estados Unidos o movimento da Contracultura debatia e criticava a segregação racial, e a interferência dos Estados Unidos em guerras distantes e cansativas, como a Guerra do Vietnã, por exemplo. A contracultura viu artistas consagrados como: Janis Joplin e Jimi Hendrix.

Olhando a atual situação da música brasileira temos a impressão que a inteligência e a crítica foram sepultadas junto com o ultimo governo militar. Não significa que não exista artistas inteligentes e críticos atualmente no pais. Mas hoje, as músicas que lideram as paradas brasileiras e mais são ouvidas pela população passam por uma pobreza insuperável, desde a letra até a melodia. São músicas simplistas em melodia e técnica que cantam temas como “sofrência”, traição, ostentação, peito e bunda. Ou artistas que querem ser aceitos por opção sexual e não por talento, que convenhamos, não existe nenhum. Não citarei neste texto nenhum desses “artistas”, com infinitas aspas, que aparecem na cena musical brasileira atual para não envergonhar os artistas, certamente chamados assim, que mereceram citação na parte anterior do texto.

Diferentemente do período da ditadura, hoje as pessoas pouco se importam com a situação política e econômica do Brasil, e isso se reflete até na música nacional, e justifica assim a miséria musical dos dias atuais em relação ao período de trinta a cinquenta anos atrás.


HEITOR ESPERANÇA HENRIQUE: É formado em História pela Universidade Estadual de Maringá, possui Mestrado pela mesma instituição. Inicia o seu doutorado pela Universidade Federal do Paraná em fevereiro de 2018. Atualmente atua como professor no departamento de História da Fafiman.

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