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Podemos dar uma chance à paz? | José A. Fernandes




Às vezes fico pensando se toda essa violência do mundo (física ou não) terá algum dia fim; se todo ódio se dissipará; se as pessoas um dia deixarão de se ver como desiguais. São tantas guerras, tanta desgraça, tanta discriminação...

Quando a gente tá saindo da infância (e é verdade que alguns nunca saem dela) e vai crescendo, algumas coisas começam a passar em nossas cabeças - embora em algumas cabeças na adolescência não passe nada além de confusão e revolta sem motivo. Como é "natural" do ser humano, alguns de nós começam a reconhecer o mundo, o espaço em que vivem, ainda que não faça muito sentido o mundo em que até aquele momento era apenas espaço de gente grande, dos nossos pais.

Embora muitos nem queiram se preocupar, parte de nós começa a entender que a vida é mais complicada do que parecia quando apenas brincávamos nos quintais de nossas casas ou nas creches ou escolas primárias enquanto nossos pais iam trabalhar. Parte de nós começa a "ver o mundo", talvez apenas por imagens dispersas que vão surgindo na TV, na internet ou mesmo nos livros, especialmente nos "didáticos" a que somos expostos obrigatoriamente na escola.

Começamos a ver tanta história de gente matando gente, de gente se odiando, de gente fazendo guerra, de gente querendo se distinguir e ter cada vez mais poder. E isso atrai mesmo a atenção. Por alguns momentos nos atemos às muitas cenas, às muitas batalhas, às muitas rivalidades que redundam sempre em novas guerras. Guerras inclusive entre aqueles que, metidos em religiões, deveriam pregar a paz, pregar o amor entre as pessoas, ensinar a "dar a outra face". Mas não. Ao invés disso há tanta separação, tanta intolerância. É tanto ódio, tanta vingança, tanta vontade de "dar o troco"... que nos dá a impressão de que nunca há outra saída possível. 

No mundo cruel em que vivemos, muitos parecem "bestas feras" brigando por tudo: por dinheiro, por poder, por espaço no mundo, para evitar que outros também tenham dinheiro, poder, espaço nesse mesmo mundo. Sempre existe uma desculpa para o que fazem, nunca uma solução que não envolva a guerra, "quente" ou "fria". E muitos, achando que também fazem parte, que também podem ser como os grandes, os dominadores, compram suas histórias, suas escusas, vão pras guerras, se sacrificam em nome de uma "causa", de um ideal, de um mundo que creem será melhor. O que não veem é que, muitas vezes, são apenas ferramenta, ou piões, não os "obreiros" ou os enxadristas dessas disputas todas. O que muitos não veem é que são apenas massa na mão do padeiro; são ovelhas mansas indo pro matadouro; são servos cegos de um lord que não lhes vê como iguais, como igualmente nobres, como cabeças, mas os vê apenas como desiguais, como "mãos" a serem guiadas por cérebros "mais aptos", "mais sábios", "escolhidos", por isso mesmo mais "merecedores".

Mas como eu disse antes, o mundo é muito, mas muito, mais complicado. A "guerra" não é sempre aquela declarada, aquela onde as pessoas morrem de corpo físico com a esperança de salvar a alma. As guerras também são silenciosas, são sorrateiras até, também vão matando a alma, as crenças e as culturas. Quantas culturas e crenças não morreram e continuam morrendo ao longo de todo tempo em que existe ser humano na terra, simplesmente por serem vistas como demoníacas, como pagãs, como "desumanas"? 

Ao mesmo tempo, tem aquele tipo de guerra entre os que tem e os que não tem. Tanta gente morrendo todo dia, silenciosamente, seja por epidemias (por vezes intencionalmente) não combatidas, por sede (sem que se compartilhe a água, que alguns nos dias atuais até tornaram mais um produto gourmet), e, enfim, por fome, em um mundo em que dividir o que se tem vai contra as "leis de mercado", vai contra o todo poderoso capitalismo. Aliás, quando alguém ou algum grupo defende a divisão dos que tem com os que não tem - e aqui não falo apenas de filantropia - logo são estigmatizados, taxados de "comunistas", de "esquerdistas" que querem tomar o que "os outros conquistaram com suor e sangue" (sangue nem sempre seu, diga-se). Para alguns dividir é uma tortura, é um anátema, pois faz com que os outros se tornem menos inferiores, menos distantes dos nossos pedestais, da nossa "glória inata" ou do nosso espaço conquistado. 

Para esses, dividir é perigoso, pois sempre "vai ter gente mal intencionada". Parece sempre se confirmar nessas mentes a crença generalizada de que "basta dar poder a alguém pra essa pessoa se deixar tomar por ele e querer mandar nos outros". Isso é natural dos humanos, eles são egoístas mesmo, então pra que mudar?! Desse ponto de vista dividir não funciona nunca. Por isso, temos, dizem eles, que defender bem o que é nosso, o nosso país, a nossa propriedade, o nosso espaço. 

Daí voltarmos sempre às guerras, ao ódio do outro "naturalmente" perigoso, que biologicamente carrega as características do mal, que já nasceu perigoso, inferior, que nasceu com a religião errada, que nasceu do lado errado da força. Por isso, por sermos "bem nascidos", superiores, temos a divina "missão" de combatê-los; temos que derrubar seus monumentos, eliminar os seus deuses, não deixar pedra sobre pedra; temos que destruir seu mundo, pra fincarmos nossa bandeira e construirmos um novo mundo.

Em meio a tudo isso, pode parecer que não há nenhuma solução afinal. Pode isso nos levar ao conformismo, "o mundo é assim mesmo, fazer o que?". Embora seja forte isso, na minha cabeça sempre vai surgir algum otimismo, alguma esperança... Não sei como, não sei quando, não sei quem, mas fico imaginando que algo vai acontecer de bom para o máximo de pessoas - na verdade sempre está acontecendo -. Algo vai fazer com que as coisas mudem. Quem sabe então poderemos apagar algumas palavras de nosso dicionário, ou apenas lembrar delas como peças de nosso museu de ideias, para nos lembrarmos do quão maus um dia fomos. Custa muito acreditar, mas às vezes me parece possível pensar em máximas do tipo "o amor sempre vence" ou "o bem sempre vencerá o mau" e imaginar, como numa música de John Lennon, em todas as pessoas vivendo em paz...



Bert Hellinger
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