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FILME: O Fotógrafo de Mauthausen [resenha] | José A. Fernandes




Poderia ser só mais um filme sobre campos de concentração, mas NÃO É. Tentamos nessa postagem mostrar o porquê, além de mostrar do que se trata e se vale a pena assistir.

Falar de campos de concentração em filmes não é novidade. Todos nós já vimos algum (ou verão em algum momento): quem nunca assistiu ou pelo menos ouviu falar de A Lista de Schindler ou O Menino do Pijama Listrado? Se fosse apenas por isso, esse seria só mais um, cujo "final da história" já sabemos bem: os judeus e demais minorias que foram confinados em campos de trabalho forçado e, depois, oficialmente de extermínio. Quase todos nós já podemos recriar mentalmente cenas horríveis do dia a dia nesses espaços de morte, com surras, estupros, fome, inanição, assassinatos gratuitos, mortes e câmaras de gás, cremações, enterros coletivos e por aí vai... Isso por certo não deve ser naturalizado por nós, deve mesmo sempre nos comover. Mas, se fosse só por isso o filme não traria nenhuma novidade. Todas essas coisas podemos ver nesse longa metragem.


Paul Ricken e seus "artístas" no filme

Entretanto, a primeira novidade que pode ser apontada é quanto à origem da produção. A Netflix, junto com outras "locadoras virtuais", tem criado um caminho de divulgação para filmes e séries que não são feitas nos Estados Unidos, o que vem quebrando o domínio que por muito tempo parecia quase monopolístico de Hollywood e seus associados. As produções que vem ganhando espaço tem origens variadas, desde a Alemanha, que vem produzindo, por exemplo, a complexa - e por vezes confusa - mas popular série Dark, até a Espanha, de onde sai e é ambientado o seriado da garotada, La Casa de Papel. Além disso, uma das coisas legais dessas produções é que elas são feitas, geralmente, na língua desses país, o que, na minha opinião já enriqueceria muito a cultura midiática atual.

No caso de O Fotógrafo de Mauthausen, lançado em 2018, mais uma vez a história é baseada em fatos reais. Outra de suas novidades é que nele não parte e nem foca nas histórias dos judeus, mas sim nos confinamentos e tratamentos dados sobretudo aos espanhóis que haviam lutado na Guerra Civil desse país e que durante a Segunda Guerra Mundial se encontravam no campo de concentração de Mauthausen. 

No meio desse contexto, o filme conta a história do fotógrafo Francesc Boix (vivido por Mario Casas), um jovem espanhol que por possuir o talento da fotografia tinha "tratamento privilegiado" no campo, assistindo e ajudando o fotógrafo oficial nazista Paul Ricken (Richard van Weyden) a registrar todas as "encenações" feitas pelos alemães em torno do dia a dia e especialmente das mortes que são mascaradas e cenas de crimes que são maquiadas para "gentes buenas" verem.


Boix no filme

Conforme a Alemanha percebia que perderia a guerra, começou a destruir os vestígios de suas atrocidades em todos os campos de concentração que mantinha (que não eram poucos). Nesse sentido é que Boix se tornaria fundamental na história (real e fictícia) de Mauthausen, porque propôs como missão pessoal e passou a planejar e executar com seus amigos formas de preservar os registros fotográficos. O resultado de algumas das "obras" que ele fora forçado a criar e que conseguiu preservar estão abaixo (clique nelas para ampliar). 




Agora, a pergunta que todos fazem quando leem resenhas desse tipo: o filme é bom ou não é?

Em nossa opinião é SIM. Primeiro porque, como dissemos, ele foge do círculo hollywoodiano. Mas, além disso, porque tem uma história bem contada, tem uma fotografia bem feita e uma atuação excelente de Mario Casas. Ele serve para informar, para lembrar, para recriar, mesmo que seja um filme e não exatamente um documentário. Enfim, ele serve para uma noite fria de sábado, sob o risco de muita emoção e de revolta contra alguns seres (supostamente) humanos.

Boix da vida real


Ignacio Jose Mata  
Mauthausen

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Assista ao trailer


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