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De Oz a Vis a Vis, os seriados contando a vida na prisão



   
O sucesso da fórmula dos seriados que falam da vida na prisão já vem de tempos. O que eles têm em comum? O que têm de diferente? São bons? São ruins?

Pelo que me lembro esse tipo de seriado surge especialmente a partir de Oz, que foi produzida pela HBO e foi ao ar entre 1997 e 2003. O local é a prisão de segurança máxima Oswald (por isso o nome "Oz"), nos Estados Unidos, com todas as suas subdivisões: corredor da morte, Emerald City, Unidade B, entre outras. Muita gente se atrai por esse tipo de produção, por uma razão ou por outra, tendo levado com o tempo à criação de outras séries.



Em inglês também temos a famosa Orange Is The New Black, que começou a ser transmitido em 2013, ganhando destaque entre os seriados ainda em cartaz. Essa é baseada em no livro Orange Is the New Black: My Year in a Women's Prison (2010), memória criada por Piper Kerman, sobre suas experiências na FCI Danbury, uma prisão federal norte-americana.



Dos Estados Unidos a fórmula chegou à Espanha, de onde saiu em 2018 o seriado Vis a Vis, em língua espanhola, seguindo também na onda das produções castelhanas da Netflix, que, por enquanto se encontra em sua quarta temporada. Essa série está centralizada na personagem Macarena Ferreiro, presa em Cruz Del Sur devido ao seu envolvimento em crimes financeiros, em associação com o amante que a enganou para roubar o dinheiro da empresa onde ele era executivo.



Mas, o que esses seriados têm em comum? Muita coisa. Como já devem ter notado, obviamente, a vida na prisão une os enredos, desde às chegadas dos prisioneiros, passando-se pela "adaptação", percorrendo o caminho da "convivência", com os personagens nas suas muitas "aventuras", indo dos bons comportamentos às maquinações mais perversas, com cenas de violência e disputas de espaço entre gangues e "lideranças" prisionais. Claro também que tem espaço para os abusos de autoridade e poder por parte dos agentes penitenciários e demais funcionários, além de envolvimentos desses com os presos, seja em seus "negócios", seja mesmo no aspecto íntimo.

Claro que todos esses seriados podem nos levar a criar visões distorcidas e generalizações perigosas sobre a realidade e sobre os presos. Isso porque, em geral, os enredos, que precisam criar ações que capturem a atenção do público, podem criar uma falsa impressão de que "todos que estão ali são maus" ou que, mesmo que eles fossem relativamente bons fora, dentro da prisão "todo mundo se forma na bandidagem". Pessoas de boa fé, que não se deixam levar por preconceitos, sabem que essas coisas não são (sempre) verdade. Muita gente está e continua muitos anos presa injustamente. Ao mesmo tempo, muita gente que cometeu crimes graves pode sim se redimir e sair uma pessoa diferente. Não nos deixemos levar pela ideia da "universidade do crime", armadilha fácil e cômoda de se cair.

Bom, mas voltemos aos seriados. Eles também têm algumas diferenças - especialmente OITNB e Vis a Vis, em relação à Oz. A mais óbvia é que os detentos nos dois primeiros seriados são mulheres, enquanto no último são homens (é nada! rs). A diferença também pode estar localizada nos tipos de prisão, indo dos presídios de segurança máxima (Oz), passando pelos presídios de segurança miníma (OITNB) e aos presídios privados de recuperação das detentas, especialmente no caso de Vis a Vis. Nesse último caso, existe um projeto de reeducação de fato, com ações envolvendo educação, sobretudo, mas também na recolocação das detentas no mercado de trabalho ao entrarem no regime semi-aberto. No caso de Oz, existe uma perspectiva mais sombria, afinal, no presídio há um corredor da morte, destino fatal dos "incorrigíveis". 

Enfim, se querem saber se são bons seriados, eu diria que SIM. Mas, como disse, precisamos ter cuidados ao assistir, pra não criarmos preconceitos. Outra coisa é que se não gostam de violência ou não querem expor seus filhos à cenas desse tipo, seria melhor manter a atenção. Podemos, enfim, também aproveitar pra tentar imaginar a vida dos presos e presas da vida real (inclusive do Brasil, que é tema do seriado Carcereiros, por exemplo, ou do filme Carandiru). Podemos tentar entendê-los, para além de esteriótipos, procurando aí evitar alimentar uma visão menos fatalista e mais prejulgadora, quem sabe nos imaginando no lugar deles. Feito isso, dá pra se divertir e ficar tenso ao mesmo tempo, sem dúvidas, com cada episódio. E mesmo que em alguns momentos esses seriados nos pareçam muito iguais, surpresas podem surgir e por vai...

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Fernanda Oz
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