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Ted Bundy e as Histórias de um Serial Killer | José A. Fernandes




Ele foi um dos "inventores" do termo serial killer. Isso aconteceu justamente porque, até o momento em que seus crimes começaram a ser investigados nos anos 1970 o termo não existia... 

A forma de se investir tais crimes não existia. Não existia nada semelhante ao que ele e outros "famosos" assassinos em série (Ed Gein, Charles Manson e outros) fizeram, deixando rastros de morte por diversas regiões dos Estados Unidos, que seriam conectados com o passar do tempo e das investigações. 

Nos anos 1970, não havia a tecnologia de hoje; os computadores ainda não eram usados nas investigações - os micro-computadores só surgiriam em meados da década seguinte. Nem mesmo o FBI tinha muitas ferramentas sofisticadas naquele momento. O sistema de análise via DNA só seria criado pelo geneticista Alec Jeffreys em 1985. Por isso, o "trabalho" desses criminosos era facilitado e o da polícia não. Seus rastros eram difíceis de se seguir e até mesmo a conexão entre crimes para ligá-los a uma única pessoa era coisa extremamente nova e demorada. Tudo isso possibilitava que os criminosos agissem em diferentes lugares, apagando evidências ou adulterando cenas de crimes para confundir a polícia.



Mas a história de Ted Bundy como serial killer, embora comece por seus crimes, não se resumem a eles. Vai além disso. Houve ampla repercussão da sua prisão e recapturas, as suas duas fugas, seus julgamentos televisionados. O público norte-americano acompanhava com um misto de medo e admiração a audácia de um homem que afirmou quase até a sua execução em 1989 que era inocente. E ele gostava de atenção e procurava captá-la ao máximo para si. Muita gente até acreditou por muito tempo na sua inocência, como Carole Ann, que chegou a casar com ele em um tribunal, enquanto ele estava sendo julgado. A mesma crença era de sua mãe, pelo menos até ouvir uma série de entrevistas em que ele próprio falava sobre seus crimes.

Ele tinha boa aparência, boa retórica, era formado em psicologia, era estudante de Direito e branco. Não se encaixava nos estereótipos e perfis de criminosos que a polícia se "acostumara" a perseguir. Por isso não foi tão fácil descobrir de quem se tratava. A maioria de seus crimes foram cometidos entre 1974 e 1978, em diversos estados americanos. Mas, mesmo preso pela primeira vez em 1974, em Utah, o caminho para sua condenação foi longo. Seus julgamentos viviam lotados, de pessoas comuns e repórteres. Neles Bundy se mostrava sempre confiante, com frequência arrogante, negando as acusações, afirmando-se inocente, chegando ao cúmulo de conduzir sua própria defesa nos tribunais.


Bundy nos tribunais

Ele foi preso pela primeira vez por um oficial de trânsito, quando tentou fugir de uma blitz padrão. Em seu Fusca (ou VolksWagen, como conhecem esse modelo de carro nos EUA) os oficiais encontraram algemas, um picador de gelo, um pé-de-cabra, uma meia-calça com buracos para os olhos e outros itens questionáveis em seu carro. Ted foi preso por suspeita de roubo, mas depois acabou sendo acusado e condenado pela tentativa de sequestro de Carol DaRonch, que teve a sorte de escapar com vida; teria sido julgado pela morte de Caryn Campbell, se não tivesse conseguido fugir da prisão na ocasião - o que não aconteceu só uma vez, mas duas.

Numa delas ele pulou do prédio da corte em que se encontrava para uma audiência preliminar em Aspen, tendo perambulado pelas montanhas nevadas da região por seis dias, até ser pego pela polícia. Depois disso, em dezembro de 1977, ele fugiu novamente. Dessa vez, ele aproveitou que a maioria dos funcionários e dos prisioneiros não violentos estavam fora devido ao feriado do Natal, espalhou livros sobre sua cama e os cobriu com um cobertor para simular seu corpo adormecido. Em seguida, escalou até o teto e o atravessou até o quarto do carcereiro chefe, que estava fora, e colocou suas roupas antes de sair pela porta da frente em liberdade. Ele então roubou um carro, pegou carona com um motorista e tomou um ônibus, indo até Denver, de onde pegou um voo até Chicago. Quando os funcionários da prisão descobriram a fuga, já tinham se passado mais de 17 horas!

Ele seria pego só em fevereiro de 1978, dirigindo um veículo roubado em Pensacola, na Flórida. Mas até aí ele já tinha circulado e feito três novas vítimas: duas moças da casa de fraternidade Chi Omega da Universidade Estadual da Flórida, em Tallahassee, e Kimberly Leach, de 12 anos. As duas moças de Chi Omega ele espancou e estrangulou até a morte, estuprando uma delas e mordendo-a brutalmente em suas nádegas e em um mamilo. Já a menina de 12 anos ele sequestrou, mutilou e jogou em um rio.


Algumas vítimas de Bundy

Bom, resumindo um pouco essa macabra história, ele foi acusado e condenado por mais de 30 assassinatos de mulheres, sem contar outros crimes, como sequestro, agressões e outras tentativas de assassinatos que não foram consumadas. A polícia, no entanto, estimou que o número de vítimas possa ter chegado a mais de 60. Pelos 30 crimes ele foi condenado a duas penas de morte. Mesmo assim, ele ficou por anos no corredor da morte, com adiamentos e protelações conseguidas por seus advogados, que tentaram provar que ele tinha distúrbios mentais.  

A sua execução na cadeira elétrica só aconteceu em 24 de janeiro de 1989. Tendo recebido, como de resto aconteceu ao longo de seus anos de fama, com muita atenção por parte da mídia e do público, sendo amplamente comemorada por uma multidão que se aglomerou em frente a prisão em Starke, Condado de Bradford, Flórida.


A última entrevista

Após sua morte, Ted Bundy inspirou filmes, como o A Irresistível Face do Mau (Bundy Extremely Wicked, Shockingly Evil and Vile)  disponibilizado pela Netflix, que fiz uma resenha no Canal que compartilhei aqui no blog (assista!). O filme é protagonizado por Zac Efron e foi apresentado no festival de cinema independente de Sundance, em Utah, EUA, com enorme repercussão.


Zac Efron como Ted

Em conjunto com esse filme, a Netflix também lançou a série-documentário Conversations with a Killer: The Ted Bundy Tapes (Conversas com um assassino: as fitas de Ted Bundy), em que são ouvidas pela primeira vez gravações extraídas de mais de cem horas de entrevistas com Bundy enquanto ele estava no corredor da morte.



Eu assisti os dois - filme e documentário - e posso garantir que se você os vê vai ficar chocado com a crueldade e com a capacidade de dissimular e de enganar de Ted Bundy - inclusive com a teatralização feita durante todo tempo em que esteve em julgamentos nos tribunais. O filme é bom, embora, como aconteça com frequência em produções desse tipo, ele altere alguns fatos e tempos da história real. Já o documentário é aterrorizador, pelos detalhes, pela riqueza de imagens, entrevistas, reportagens e, claro, pela frieza demonstrada pelo serial killer.

A biografia mais famosa dele...

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Assista à nossa resenha sobre o filme!
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