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RESENHA: Elvis Presley e a Revolução do Rock




Já a algum tempo eu pretendia fazer uma resenha em vídeo pro canal, mas, no fim, um texto para o blog também vai bem. Então quero falar sobre o livro "Elvis Presley e a Revolução do Rock".

Esse é um livro já conhecido de muitos fãs de Elvis no Brasil, mas acho que dialogar sobre ele seja interessante. Até para entender quando os desejos de falar sobre assuntos pessoais superam a necessidade de focar no tema principal, que dá título ao mesmo.

O livro começa bem. Sebastian Danchin faz um histórico que acho até justo sobre o passado "obscuro" do futuro empresário de Elvis, o irlandês Andreas Cornelius van Kuijk, que viria a se chamar nos EUA de Coronel Tom Parker.  Também acerta quando fala no surgimento do fenômeno Elvis Presley. Por isso, no primeiro terço do livro, parece que as coisas estão indo "de acordo", que o autor está interessado em falar de ELVIS, do ROCK e a relação entre os dois, desde o nascimento do ritmo em suas origens até o surgimento do cantor sulista que conquistaria multidões e seria chamado de Rei. 

Ele constrói uma análise forte e profunda do impacto do Rock e de Elvis sobre a cultura tradicional e conservadora norte-americana. Analisa de forma interessante a reação das classes conservadoras, inclusive os ataques ao cantor e o fato de ele ser original do que chama-se em alguns círculo de white trash (lixo branco) sulista. Dá atenção a maneira como esse mesmo sulista conquistou a fama e subverteu a ordem em mais de uma ocasião.

Segue de forma interessante pela demonstração de como o Coronel  transformou seu "pupilo", de símbolo da "rebeldia" em um "Elvis inofensivo", inclusive em um "patriota" ao entrar para o Exército americano em 1958. Isso acontece ao mesmo tempo que procura mostrar a "morte" do rock clássico e também do Elvis rocker

Até aí tudo bem. O problema é que do segundo terço do livro em diante o autor começa a perder completamente o foco. O foco deixa de ser, adivinhem, o rock e a relação de Elvis com ele!

O autor passa a se concentrar demais na pessoa Elvis, no seu status em Hollywood, na sua "decadência", na sua "melancolia", nas questões envolvendo as drogas (legalmente prescritas, mas usadas em exagero) e a sexualidade, em seu casamento "mal fadado" com Priscilla - esse último ponto segue com descrições e detalhes dos muitos relacionamentos de Elvis, especialmente Linda Thompson e Ginger Alden. 

Essas coisas, sem dúvida, geram curiosidade em quase todo mundo que lê sobre um superstar como Elvis. Mas não poderia de forma alguma desviar a atenção do autor, que, na minha opinião, se perde completamente do assunto principal no último terço do livro. Não há mais rock, nem que seja para mostrar o distanciamento de Elvis a maior parte do tempo desse estilo musical. Não há preocupação com a complexidade musical de Elvis nos anos 1970, com seus altos e baixos. O foco fica demasiado nos baixos, nas infelicidades, nos azares, na "decadência" mais de uma vez - parecendo o autor fazer alguma coisa como futurologia ao tentar mostrar o destino marcado e já definido de Elvis desde pelo menos 1972 ou 1973, rumo à fatalidade de 16 de agosto de 1977.

Mais uma vez, na minha opinião, parece que o autor se perdeu e não conseguiu mais voltar. Deixou passar uma oportunidade incrível de fazer uma análise tão boa quanto demonstrou que poderia ter feito da última década musical de Elvis. Ele, no fim, se deixou seduzir pela facilidade das afirmativas mais "comerciais", aquelas que vendem mais, ao evocar lugares comuns e mesmo se ater às desventuras já tantas vezes exploradas (mas nem sempre verdadeiras) de um cantor tão rico, do início ao fim de sua carreira. 


Assista:
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O livro
 livro elvis e a revolução do rock


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