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Historiadores em Perfil: Fernand Braudel




Braudel foi herdeiro da Escola dos Annales, nos ensinou sobre os tempos da História, deu aulas no Brasil e deixou uma rica produção acadêmica. Ele é o segundo personagem da nossa série com perfis de Historiadores. 

Fernand Braudel nasceu em Luméville-en-Ornois, na França, em 24 de agosto de 1902, e morreu na comuna francesa de Cluses, do Departamento de Alta Saboia, em 27 de novembro de 1985. Filho de um matemático, recebeu suporte para uma boa formação, tendo estudado latim e um pouco de grego. Mas, foi na História que se encontrou e se destacou, deixando uma marca fundamental na historiografia do século XX.

Num meio tempo, antes de se tornar o famoso Braudel, ele deu aulas em uma escola secundária na Argélia entre os anos 1923–1932), onde surgiu sua fascinação pelo mar Mediterrâneo, que viria a ser - juntamente com o Capitalismo, a "civilização" e a França - um dos objetos de estudos que o destacariam nas décadas seguintes.



No começo dos anos 1930, enquanto dava aulas nos liceus Pasteur, Condorcet e Henri-IV em Paris, ele conheceu Lucien Febvre, que havia sido co-fundador da já famosa revista Annales. Algum tempo depois ele se tornaria o herdeiro, diretor e representante mais destacado da segunda geração dessa revista e da escola historiográfica que a envolvia.  

Mas antes disso, sua história se ligaria ao Brasil, mais especificamente à história da criação da Universidade de São Paulo (USP). A pedido do então governador Armando de Salles Oliveira, foram recrutados na França e na Alemanha professores e pesquisadores das várias áreas do conhecimento, dentre os quais, para as Ciências Humanas, veio Braudel, além do antropólogo Claude Lévi-Strauss, do sociólogo Roger Bastide e do geógrafo Pierre Deffontaines. Braudel por aqui ficaria entre os anos 1934 e 1937, tendo retornado devido ao início de sua pesquisa de doutorado sobre o Mediterrâneo, deixando contudo sua feliz contribuição para a formação de uma das universidades mais destacadas da América Latina. 



Como Marc Bloch, que falamos no primeiro episódio, Fernand Braudel também esteve envolvido na Segunda Guerra Mundial. Também foi preso pelos nazistas, em Lübeck, na Alemanha, mas, diferente daquele, não teve um fim trágico. Foi enquanto esteve prisioneiro que Braudel elaborou seu trabalho mais famoso: O Mediterrâneo e o Mundo Mediterrânico à Época de Filipe II.

A direção da revista Annales ele assumiu depois de 1945. Mas seus esforços foram muito além da mesma. Com recursos da Fundação Rockefeller, em Nova York, ele fundou a prestigiosa Sixième Section, para "Economia e Ciências Sociais" na "École pratique des hautes études", e, em 1962, em parceria com Gaston Berger criou uma nova fundação independente, a Fondation Maison des Sciences de l'Homme (FMSH). O foco da FMSH era promover networking internacional para disseminar a abordagem da escola dos Annales na Europa e no mundo, o que deu muito certo, aliás.


 escritos sobre a história braudel

Mas, não para por aí. Ao longo de sua trajetória podemos ainda destacar que em 1949, Braudel foi eleito para o famoso Collège de France, devido à aposentadoria de Lucien Febvre. Depois, em 1950, ele co-fundou o jornal acadêmico Revue économique (Revista Econômica). Isso é interessante de se destacar, já que na Escola dos Annales e na revista, ao menos até meados do século XX, havia farto espaço para os estudos histórico-econômicos, que, claro, faziam uso das novas fontes e abordagens já reclamadas desde Bloch e Febvre. Ainda não era o tempo de domínio dos estudos culturais e sociais na História, o que ganharia força especialmente a partir das décadas de 1960 e 1970.

Em termos de ideias, como dissemos ele foi muito importante no estudo dos tempos históricos, que com ele ganharam corpo (e teoria). Entre esses tempos, temos o de curta duração, que diria respeito ao “tempo breve, ao indivíduo, ao evento”; o tempo médio (ou de média duração) diria respeito à conjuntura, expressa em uma ou algumas décadas; e, enfim, o tempo longo (ou de longa duração), que deve ser de medida mais amplas, contando os séculos, por exemplo. Nesse último caso, para além dos fatos cotidianos que nós vivemos, há estruturas mais profundas, que são quase permanentes, que regem a nossa vida sem que nós tenhamos consciência disso. 



Caso queira conhecer mais sobre esse autor ou ir mais a fundo nas suas ideias, existe, entre tantos outros, o livro A Constituição da História como Ciência: De Ranke a Braudel, organizado por por Marcos Antônio Lopes e Julio Bentivoglio. Há também um livro dedicado exclusivamente a ele, Fernand Braudel - Tempo e História, de Marcos Antônio Lopes. Existe ainda o livro de Guilherme Ribeiro, Fernand Braudel, Geohistória e Longa Duração. E especificamente sobre sua relação com o Brasil, existe o livro Fernand Braudel e o Brasil - Vivência e Brasilianismo (1935-1945), de Luís Corrêa Lima.


Os livros desse autor:






La Dynamique du Capitalisme (1985) / edição em português A Dinâmica do Capitalismo / edição em espanhol La dinamica del capitalismo

A Identidade da França (1986) / edição em espanhol La Identidad de Francia



Memory and the Mediterranean (1998) / edição em português Memórias do Mediterrâneo: Pré-história e Antiguidade / edição em espanhol Memorias del Mediterraneo



Carlo V

La historia y las ciencias sociales / The history and social sciences / edição em português História e Ciências Sociais


Livro destaque desse autor:

 o mediterraneo braudel
O Mediterrâneo e o Mundo Mediterrâneo na Época de Filipe II
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* Essa postagem é só um guia rápido desse historiador. Se você souber de alguma incorreção ou tiver algum acréscimo de conteúdo a essa postagem, mande-nos nos comentários. Muito obrigado!


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