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Morre o economista Wilson Cano




Leia a nota de pesar da Associação Brasileira de Pesquisadores em História Econômica.

A Associação Brasileira de Pesquisadores em História Econômica lamenta profundamente o falecimento do Prof. Wilson Cano, ocorrida em 3 de abril de 2020, e manifesta sua solidariedade aos familiares, colegas e alunos passados e presentes deste insubstituível pesquisador e professor. 

Além de sua dedicação abnegada ao ofício, de sua constante força ética e de sua generosidade acadêmica, Cano era um herdeiro crítico da análise cepalina e das questões furtadianas, especialmente das origens e desdobramentos das desigualdades regionais do país.

Nascido em São Paulo em 1937, foi um dos principais fundadores da chamada Escola de Campinas, mantendo-se ativamente nas ações de ensino, pesquisa e orientação no Instituto de Economia da Unicamp, bem como participando de maneira incisiva nos debates sobre os impactos da globalização na América Latina, a desindustrialização do país e a profunda crise econômica recente. Também defendia arduamente a universidade pública e a conservação de condições dignas para a carreira docente. Era exigente com seus alunos e incansável no seu labor, mas também solidário e bondoso, como são os grandes mestres.



Em sua larga e profícua produção acadêmica, suas obras principais seguem sendo cruciais para a análise do desenvolvimento regional brasileiro em uma perspectiva crítica que combina de maneira ímpar economia, geografia e história. Os estudos sobre complexos regionais e seus desdobramentos econômicos, integrado com um sistema de transportes gerando fluxos mercantis, remetem à sua obra monumental Raízes da concentração industrial em São Paulo (1977). Quando pensamos o grau de concentração da indústria brasileira, associado ao papel determinante que teve o estado de São Paulo na integração do mercado interno e na construção das desigualdades, necessariamente temos que passar por Desequilíbrios regionais e concentração industrial no Brasil 1930-1970 (1985) e Desconcentração produtiva regional do Brasil 1970-2005 (2007). Abarcando um amplo espectro temporal, do final do século XIX às décadas recentes, os três livros reúnem um grande esforço de síntese de um intelectual comprometido com o desenvolvimento econômico, condição indispensável para a justiça social do país. Sua militância intelectual e a preocupação em compreender os obstáculos ao desenvolvimento cruzaram fronteiras e resultou no livro “Soberania e política econômica na América Latina” (1999), fruto de uma hercúlea pesquisa realizada com apoio da CEPAL.

Suas aulas e orientações no Instituto de Economia formaram uma geração de professores e pesquisadores provenientes de vários estados brasileiros que passaram a refletir a dinâmica da economia de suas regiões. Assim, seu pensamento continua presente nas diversas teses defendidas sobre formação econômica e desenvolvimento regional espalhadas de Norte a Sul desse imenso país. Os espaços de debate da ABPHE – congressos, livros e revista –, foram e continuam sendo enriquecidos pelo pensamento de Wilson Cano, que tem a marca da argumentação racional, crítica e interdisciplinar, orientada pela defesa de um projeto de desenvolvimento econômico que permita um país mais justo e solidário.

Esse foi, é e será o legado do nosso Mestre Wilson Cano.

Sábado, 4 de abril de 2020.
A Direção e o Conselho de Representantes da ABPHE.


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