Joel Rufino dos Santos nasceu no Rio de Janeiro, em 1941, e no mesmo Rio morreria em 4 de setembro de 2015. Mas não sem deixar um rico trabalho dividido entre História e Literatura. Influenciado pela vó que lia pra ele, pelo pai operário-leitor e pelos gibis que adorava folear, ele traçaria uma trajetória premiada e amplamente reconhecida entre seus pares e tantos outros seus leitores e alunos.
Na década de 1950, depois de ler Introdução à Revolução Brasileira, de Nelson Werneck Sodré, decidiu estudar História. Aliás, ainda quando fazia o curso, foi convidado pelo mesmo Sodré para ser seu assistente no Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB). Começava aí a sua carreira de historiador.
Em sua "peregrinação" no exterior passou pela Bolívia e pelo Chile. Voltou em 1966 ao Brasil e foi preso pelos militares, o que ocorreu, aliás, várias vezes nos anos seguintes. Tais prisões ocorreria por seu envolvimento com a luta armada contra a Ditadura - embora não tenha ele próprio pego em armas, antes apoiando o movimento, participando da "logística da Ação Libertadora Nacional (ALN)".
Com a anistia, a Joel Rufino foi permitido retornar à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Passou então a trabalhar em dois espaços, na Faculdade de Letras e na Escola de Comunicação, tendo depois se dedicado apenas à primeira. Ele escreveu muito em literatura, especialmente infantil, recebendo prêmios importantes por isso - dois Jabutis, com Uma Estranha Aventura em Talalai (1979) e O Barbeiro e o judeu da prestação contra o Sargento da Motocicleta (2008), além de ter sido duas vezes finalista do Prêmio Hans Christian Andersen, considerado o Nobel da literatura infanto-juvenil. Mas, embora tenha feito uma escolha, uma predileção, sempre defendia a interdisciplinaridade, não abandonando a História, pelo contrário, contribuindo para o entendimento de temas importantes.
Muitos de seus livros de ficção tem fundos, personagens e paisagens da História. O Dia Que o Povo Ganhou, por exemplo, é baseado no 2 de julho na Bahia - dia em que o povo foi às ruas festejar a independência do Brasil; Crônica de Indomáveis Delírios, quando da Revolução Pernambucana de 1817, a facção “francesa” teria acalentado o sonho de trazer Napoleão, então prisioneiro dos ingleses, para comandar seu exército; e Quatro Dias de Rebelião, baseado na Revolta da Vacina. Ou seja, ao escrever ficção ele estava impregnado de História.
Caso queira conhecer mais sobre esse autor, existem muitas entrevistas no Youtube ou em texto em diversos sites. Há um site dedicado a ele (joelrufinodossantos.com.br). Assim como há, claro, sua extensa bibliografia, que segue logo abaixo.
Os livros desse autor:
Como romancista
Crônica de Indomáveis Delírios (1991)
Como literato infanto-juvenil
Marinho, o Marinheiro, e Outras Histórias (1976)
Aventuras no Pais do Pinta-aparece e Outras Histórias (1977)
O Curupira e o Espantalho (1978)
Quatro Dias de Rebelião (1980)
O Noivo da Cutia (1980)
O Soldado Que Não Era (1983)
História de Trancoso (1983)
A Botija de Ouro (1984)
Dudu Calunga (1986)
Rainha Quiximbi (1986)
Ipupiara, o Devorador de Índios (1990)
Uma Festa no Céu (1995)
Gosto de África (1998)
Cururu Virou Pajé (1999)
O Curumim Que Virou Gigante (2000)
O Presente de Ossanha (2000)
O Saci e o Curupira (2000)
O Grande Pecado de Lampião e Sua Terrível Peleja Para Entrar no Céu (2005)
Vida e Morte da Onça-Gente (2006)
O Jacaré que Comeu a Noite (2007)
Na Rota dos Tubarões (2008)
Robin Hood (2001)
Como não-ficcionista
História Nova do Brasil (co-autoria, 1963)
História Nova do Brasil IV (1964)
O Descobrimento do Brasil (Coleção História Nova 1, 1964)
As Invasões Holandesas (Coleção História Nova 3, 1964)
A Expansão Territorial (Coleção História Nova 4, 1964)
Independência de 1822 (Coleção História Nova 6, 1964)
Da Independência à República (Coleção História Nova 7, 1964)
O Renascimento, a Reforma e a Guerra dos Trinta Anos (1970)
República: Campanha e Proclamação (1970)
Mataram o Presidente (co-autoria, 1976)
História do Brasil (1979)
O Dia Em Que o Povo Ganhou (1979)
O Que é Racismo (1982)
Constituições de Ontem, Constituinte de Hoje (1987)
Zumbi (1985)
Abolição (1988)
Afinal Quem Fez a República? (1989)
História, Histórias (1992)
Atrás do Muro da Noite: Dinâmica das Culturas Afro-brasileiras (com Wilson dos Santos Barbosa, 1994)
História Política do Futebol Brasileiro (1981)
Quando eu Voltei, Tive Uma Surpresa (2000)
A História do Negro no Teatro Brasileiro (2014)
Saber do Negro (2015)
Livro destaque desse autor:
Zumbi
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