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EUA vs China - A eterna possibilidade de guerra entre os velhos e os novos grandes! | José A. Fernandes




Eu estava assistindo a um vídeo do canal Meteoro, que por sua vez comentava palestras de Grahan Allison sobre a possibilidade de enfrentamento entre Estados Unidos e China. Decidi então dizer algumas palavras a respeito.

Quem me conhece sabe que sempre tive uma veia pacifista, não creio que a guerra seja a única saída. Mesmo quando alguém me diz que ela é necessária, fico pensando em quando ela se tornou necessária. Por exemplo, quando se fala da necessidade de interferência das grandes potências nos países no Oriente Médio, não consigo deixar de pensar nos antecedentes, ou seja, nos motivos que levaram aos conflitos internos e que, por sua vez, levaram à "justificativa" da "pacificação" promovida do exterior. Me lembro então das ações imperialistas das grandes potências (Inglaterra, França, Alemanha, EUA,...) promovida no século XIX sobre América, Ásia e África.

Fico pensando nas revoltas internas dos povos dominados, procurando se livrar do elemento externo, do dominador. Fico pensando na reação dos dominadores. Fico pensando também nos conflitos internos, entre os que apoiavam, por interesses mesquinhos, os dominadores e aqueles que defendiam a soberania de um espaço entendido como parte de uma "nação". Entendida essa nação não necessariamente como um país e seus limites puramente geográficos, mas também uma aldeia, uma cultura regional, um espaço sagrado. Conflitos que foram alimentados pelas grandes potências em alguns momentos e suprimidos, direta ou indiretamente, por eles em outros momentos.

Os exemplos se multiplicam nos continentes "mais fracos". Antes mesmo do imperialismo contemporâneo tivemos o colonialismo na América, com o massacre dos indígenas (pelas armas ou pelos doenças trazidas pelos europeus) e a desgraça que foi a escravidão. Como se vê, a dominação começou muito antes do período imperialista "clássico" - mesmo antes do início das grandes navegações -, mas que com o imperialismo do século XIX se intensificou. Só que não para por aí, também ocorrendo dominação nas demais regiões já mostradas, das ilhas do Pacífico divididas desde muito tempo entre os dominadores oriundos do Velho Mundo; ou ainda do Japão, "influenciado" de forma muito marcante pelos Estados Unidos, especialmente. 

Para a grande maioria deles, os movimentos de libertação só se tornariam uma realidade plausível com a Primeira Guerra, mas especialmente com o desenrolar da Segunda. Mesmo assim, poucos dos novos países que foram se libertando ou se desmembrando conseguiram se tornar realmente livres de qualquer influência danosa externa. Poucos (dá pra contar nos dedos) conseguiram ganhar algum destaque dentre os que foram colocados no "saco" do Terceiro Mundo na época da Guerra Fria e mais recentemente no grupo dos "países em desenvolvimento". Dessa forma, não representam uma grande ameaça aos países hegemônicos.

Mas não percamos de vista: as guerras seguiram sendo uma realidade no interior de muitos desses mesmos países e territórios, ora contando com a venda de armas por parte de uma potência, ora por parte de outra, que, por sua vez, mantiveram sempre os olhos bem abertos para o que vem acontecendo. Assim, foram sendo alimentadas as rivalidades internas nesses países e territórios, tornando-se insolúveis alguns conflitos, irreconciliáveis alguns grupos. Não que seja tão simples falar dos interesses de cada povo ou grupo étnico, "jogando a culpa toda nas grandes potências"; mas, não se duvida da interferência externa, mesmo que tenha sido para vender fuzis ou instalar bases operacionais em troca de favores políticos ou militares. Claro também que as guerras no mundo não começaram por causa do Imperialismo (o das grandes navegações ou o contemporâneo), elas sempre existiram, desde que a humanidade existe. Porém, sem dúvida os imperialismos muito contribuíram para isso que vemos como "algo sem fim".

Mas voltemos ao que dizíamos no início, para as ideias de Grahan Allison, que por sua vez buscam referências em Tucídides, dos gregos e da Guerra do Peloponeso. O que o vídeo do Meteoro procura mostrar é que sempre que surge uma nova ameaça da potência hegemônica, ela reage, o que acaba levando à guerra. Assim foi na Grécia quando Esparta reagiu à ascensão de Atenas; assim também foi na Primeira e na Segunda Guerra... Assim foi na Guerra Fria. Tem sido desse jeito, o que é o foco especial desse texto, no caso da China, um país quase insignificante no início da era contemporânea, que vinha sendo dominado desde muito tempo por ingleses, entrando em conflitos por territórios também com japoneses e russos. China que só começou a se destacar depois da Revolução Comunista de 1949.

A intenção aqui não é falar propriamente da revolução, ok!? Isso a gente faz em outro momento. O que o pessoal do Meteoro, comentando Graham Allison, quis mostrar é que um país antes quase insignificante do ponto de vista da política e economia global passou a representar uma ameaça aos interesses dos Estados Unidos. E é aí que mora o perigo. Perigo de que? De mais um conflito. Seja qual for a configuração que o mesmo assuma atualmente. E isso, temos que lembrar mais uma vez, não é nada novo: mais um exemplo pode ser dado a partir da instalação do Socialismo na Rússia (1917) e da criação da União Soviética (1922). Quando a Segunda Guerra terminou, que os demais estavam enfraquecidos, quem sobrou para ameaçar a hegemonia dos Estados Unidos? Acertou! A União Soviética!

Na Guerra Fria havia a ameaça constante de um conflito direto que não ocorreu mas que poderia ocorrer a qualquer momento, pondo medo em todo mundo. Era sempre presente a ameaça de uma hecatombe (fim apocalíptico de tudo), reafirmada a cada novo armamento, a cada nova bomba atômica!

E o que pode acontecer atualmente entre os Estados Unidos (ameaçado em sua hegemonia) e a China, o "desafiante"? Uma nova guerra. Como ela pode acontecer, nem Graham Allison, nem o Meteoro e nem eu sabemos, mas... mas, o que perturba é saber que algo de ruim, de grandes dimensões não ficou no passado, nos livros de história: não deixou de existir após as duas Grandes Guerras (quentes) ou com a criação da ONU e a defesa (ao menos oficial) dos direitos dos povos, de autoafirmação mesmo. Dependendo de como Donald Trump e Xi Jinping agirem, o resultado vai ser devastador, não só pra eles, mas também devendo chegar até nós. 

E assim continua a eterna ameaça de uma guerra. O dilema entre paz e guerra. A guerra como solução. Nessas horas lembro de Hardy do desenho Lippy e Hardy: "Oh vida, oh céus"!      


Antes de ir, assista ao vídeo sobre Guerra Fria!

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