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O prazer da escrita | José A. Fernandes


Escrever é uma arte, que exige dedicação, prática, aprendizado, criatividade e prazer.


Escrever é algo que pra muita gente é um prazer. E assim precisa ser. Quem dera todos entendessem a maravilha de transformar ideias em palavras, ainda que as palavras nem sempre traduzam fielmente as sensações e emoções que sentimos. Há quem diga que escrever é desenhar com palavras ou fazer pinturas. Ou ainda que quem cria uma história, põe nela elementos de si mesmo e do mundo a sua volta. Tudo isso é verdade. 

Ainda é verdade entender a escrita como uma terapia. Se coloca o que se sente, expressa-se o que está no fundo. Desvenda-se e formula-se o que está escondido no subconsciente. Isso serve para o tipo de escrita poética, onde pode haver muito de psicólogico e subjetivo.

Escrever é viajar, assim como abrir um caminho que será percorrido pelo leitor. Um caminho que tem como guia o escritor, mas que pode ser passível de atalhos, levados os viajantes por sua própria curiosidade, por sua interpretação e vislumbre das cenas e personagens. 

É assim que muita gente se aventura, escreve poemas, poesias; procura meios de fazer pesquisas sobre temas mais sérios - através de uma universidade ou mesmo de memórias próprias, somadas às de outros. Cada um sentindo o prazer da escrita de uma forma diferente e com caminhos e ferramentas de ação que não são sempre os mesmos. Pode-se publicar em material físico, pode-se optar por meios digitais...

O certo é que o escritor é sujeito, tanto quanto é analista, avaliador dos mundos que descreve ou das histórias que "recupera". É criador de ideias, formulador ou re-formulador de conceitos, em muitos casos interlocutor... O escritor é "dialogador", é crítico, é refutador. Ele sente, reage, interage, desvenda, recria. Mesmo em temas mais sérios, objetivos, a mão do escritor-pesquisador se faz sempre sentir, partindo do mundo "real" em que vive, com o contexto em que se insere e as perguntas que tem em mente, antes, durante e depois de concluir a escrita. Assim é que se diz, por exemplo, que um historiador se insere no seu tempo, com as curiosidades e indagações de sua época.

Mas, pra ser um bom escritor é preciso também ser um bom leitor. Se não se tem alguma compreensão do mundo - ainda que o seu próprio - não há como criar, viajar, deslindar... Não há como encontrar respostas, nem mesmo saber quais perguntas fazer.

Isso é interessante, porque muita gente já pensou em publicar um livro - até coloca isso entre os objetivos de vida. Mas, muitos desses ficam só na intenção, nem gostam de ler... e mesmo que leem, não se veem sentados horas à fio na frente de um computador - que em outros tempos seria uma clássica e nostálgica máquina de escrever. As pessoas que desejam publicar algo não entendem o processo, não procuram saber sobre as etapas para publicar um livro ou parte de um. Não entendem os mecanismos da internet, por exemplo, e como fazer com que o que escreveu chegue aos leitores desejados. Muitos, quando começam a entender os processos e as dificuldades que envolve, se desencantam, desistem da empreitada ou abandonam no meio do caminho.

Mas, acredito que muitos, como eu, querem e põem em palavras o que pensam e sentem. De uma forma ou de outra. E fazem isso depois de terem lido um número minimamente adequado de livros, de ter viajado por mundos novos e fascinantes, por ter sentido raiva de personagens históricos que já morreram há séculos ou mesmo décadas. Gente que, como nós, é apaixonada por ler, mas não se contenta em acumular leituras, precisa espalhar, compartilhar o que entendeu e o que sentiu.

Essas pessoas entendem que não se aprende a viver, sem ler o mundo - mesmo que as palavras não estejam escritas, mas codificadas em pinturas rupestres ou esculturas antigas. Entendem que não se torna um escritor sem ler e praticar a escrita. Sem por em prática a imaginação e a criatividade. Sabem esses que não se pode julgar os bons e os maus sem conhecer sua história, especialmente o que deles ficou "escrito". Em meio a tudo isso precisa entender a beleza de se ler, o prazer da escrita e, ainda mais, de ser lido.
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