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O livro de Jacques Le Goff que nunca deveria ter sido lançado

 

Falar de Jacques Le Goff é falar de produção rica, de clássicos, de contribuições ímpares para a história e a historiografia, especialmente a medieval. Mas, até ele tem um livro que nunca deveria ter sido lançado...

Sabemos que Jacques Le Goff é um dos grandes historiadores do século XX e mesmo do XXI. Sempre muito lido e revisitado por iniciantes no ofício de historiador e também por professores de ensino básico ou universitário, que queiram falar sobre história medieval. Da mesma forma que é lido e dialogado quando se trata de historiografia, métodos, fontes, objetos de estudo... Como já falamos em seu perfil aqui no blog, ele está vinculado à corrente dos Annales, um dos "cabeças" do que parte dos historiadores considera como sua terceira geração. Com ele e outros tivemos o movimento da Nova História, que trouxe novos olhares, avançou em pontos importantes, considerou novas e ricas fontes, deu valor a objetos antes ignorados. 

Tudo isso já o credencia no posto de "grande historiador". Mas, ser um estudioso e escritor da história como ele tem seus riscos, como o de ter lançado material que nunca deveria. Me refiro ao pequeno livro Uma Breve História da Europa.


Dado o chamariz que seu nome representa para editores, lançar algo seu é um convite a potenciais compradores. Isso é danoso quando se compra um livro esperando uma breve mas coesa leitura sobre algo, ainda que introdutória, mas o que se tem é algo desconexo e com pouco sentido. A capa é bonita, chama atenção, mas no fundo professores que queiram falar de Europa, correm o risco de sair sem entender muita coisa ao ler esse livro.

Não sei o que de fato aconteceu, se foi o afã de lançar mais um livro de Jacques Le Goff ou mesmo um deslize do mesmo historiador. O certo é que o livro é dividido em dezenas de micro capítulos (micro mesmo, no sentido de pequeno, não tendo a ver com a Micro História!), que terminam sem conclusão, às vezes sem criar um sentido de continuidade de ideias entre um e outro. Até mesmo a ideia inicial de um personagem viajando pela Europa, com a intenção de tentar mostrar "como e o que ela é" não tem um fim, desaparece entre capítulos de poucos parágrafos - às vezes um ou dois.

Como eu disse, Jacques Le Goff já tem o respeito dos historiadores em geral - e o meu, sem dúvidas! -, mesmo que receba críticas de um ou outro lado. Agora, livros como esse não deveriam ser vendidos jamais, pois soam como propaganda enganosa ou no mínimo escrita apressada - bem apressada. 

Agora se você quiser uma leitura de Le Goff que faça sentido e que o ajude nas aulas ou na pesquisa, leia nosso perfil sobre ele, que ao final tem uma lista de seus livros. Sobre a história europeia, propriamente, eu sugeriria, por exemplo, Para Uma Nova Idade Média, que está aí abaixo, que inclusive se você comprar pelo link que indicamos ajuda a manter nossos projetos.



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