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E-BOOK GRÁTIS! A pesquisa no Profhistória: entre lugares, saberes e sujeitos

Está disponível gratuitamente o livro A pesquisa no Profhistória, organizado por Elison Antonio Paim, Jane Bittencourt e Mônica Martins da Silva.


Leia a apresentação

A Esta obra é composta por um conjunto de capítulos elaborados por estudantes e docentes do Programa de Mestrado Profissional em Ensino de História (ProfHistória) da Universidade Federal de Santa Catarina. Trata-se de um programa de formação, em nível de pós-graduação stricto sensu, de professores atuantes nas redes de ensino da educação básica, desenvolvido em rede nacional, com a participação de trinta e nove instituições de ensino superior associadas.

As pesquisas desenvolvidas no âmbito do ProfHistória, desde a sua criação, em 2014, vêm apontando para a potência criativa, criadora e transformadora de investigações desenvolvidas por professores da educação básica em seus contextos de atuação profissional e que são parte de uma política de formação que já alcançou quase 2.000 professores de História que ingressaram no curso, nas diferentes instituições de todo o país, até 2020. Essas investigações vêm também impactando diversos outros sujeitos e espaços escolares e não escolares, mobilizando saberes plurais e diversos, entretecidos a partir das demandas da história escolar em múltiplos contextos educativos no mundo contemporâneo, ancoradas nas demandas sociais e urgências do tempo presente.

No âmbito da Universidade Federal de Santa Catarina, uma das instituições que integram a rede do ProfHistória desde o seu início, alcançamos em 2020 a nossa quinta turma de mestrandos, o que nos tem apontado para os grandes desafios de se implementar uma política de formação de professores em contextos de precarização e desvalorização do trabalho docente, atravessados por retrocessos, conflitos e acirramentos no âmbito social, cultural e político e também por perdas de direitos e aprofundamento de desigualdades no país. A nossa aposta, frente a esse cenário, tem sido potencializar o investimento em uma formação ancorada no respeito às distintas realidades profissionais de nossos mestrandos, incentivando pesquisas que respondam às demandas da sala de aula e das respectivas instituições escolares, produzindo e propondo materiais didáticos sobre temas diversos que impactam o campo da produção e da reflexão sobre fontes e metodologias do Ensino de História, sem deixar de considerar as singularidades da cultura escolar, a relação com o seu entorno social, cultural e as dinâmicas provocadas pelo impacto de políticas públicas e projetos de controle e cerceamento do trabalho docente.

Salientamos que as pesquisas desenvolvidas no âmbito do Programa até agora, como esta obra pretende ilustrar, apresentam um potencial criativo e transformador em relação a diversas questões que permeiam as práticas pedagógicas no ensino de História.

Nesta publicação, reunimos doze capítulos produzidos por egressos e atuais mestrandos do ProfHistória-UFSC que ingressaram no Programa entre 2018 e 2020, alguns em coautoria com seus professores orientadores. Os artigos, situados em distintos estágios de desenvolvimento da pesquisa, representam uma multiplicidade de formas de se propor e desenvolver pesquisas no contexto do curso, que estão organizados em torno de três eixos centrais: Lugares, saberes e memórias; Saberes e sujeitos da/na escola; Saberes escolares, linguagens e fontes. Os eixos, embora dialoguem entre si, remetem a enfoques compartilhados pelas pesquisas apresentadas em cada um deles, seja em relação à temática abordada, ao arcabouço teórico desenvolvido, às categorias principais de análise, ou ainda ao teor de suas propostas metodológicas.

A primeira parte do livro nomeada Lugares, saberes e memórias reúne quatro capítulos que têm em comum reflexões acerca das potencialidades de se ensinar História em espaços escolares e não escolares, tais como o entorno urbano, o bairro e a cidade, por meio de atividades que articulam o campo da memória e do Patrimônio Cultural.

O primeiro capítulo, As Memórias de Manaus: experiências de História Oral no Ensino de História, de Cláudia Pinheiro Azevedo e Mônica Martins da Silva, apresenta alguns resultados de uma investigação já concluída e que teve como objeto um estudo realizado com estudantes do Ensino Médio da Escola Estadual Frei Silvio Vagheggi, localizada em Manaus, buscando debater e problematizar a prática de entrevista, inserida no contexto da história oral, e suas possibilidades no ensino da história escolar, a partir da memória de velhos. A proposta é o desdobramento de um projeto já existente na escola, buscando a sua problematização e aprofundamento a partir de uma investigação qualitativa desenvolvida com os estudantes. No artigo, elas apresentam o detalhamento dos conceitos e das estratégias metodológicas adotadas no desenvolvimento de oficinas temáticas que buscaram criar práticas de pesquisa no cotidiano escolar, a partir do trabalho com a Memória e a História Oral.

O capítulo Ensinar História na Cidade: Uma Proposta de Educação Patrimonial para Guaramirim/SC, de Valdinei Deretti e Mônica Martins da Silva, apresenta resultados de uma pesquisa concluída, que teve como dimensão propositiva um percurso a ser realizado por estudantes da educação básica, em distintos pontos da rua 28 de agosto, principal rua de Guaramirim-SC, cidade onde o autor reside e atua como professor de História. Pautando-se nos princípios dos Territórios Educativos e da Educação Patrimonial, reflete sobre as potencialidades de se Ensinar História na, com e pela cidade. Argumenta em favor da proposta de percorrer distintos espaços que articulam diferentes sujeitos, memórias e narrativas, por meio de diferentes atividades de leitura e análises de fontes, como fotografias, jornais, cartas, dados estatísticos, autobiografia e depoimentos, mas também de estratégias de experiências com a cidade na relação com os seus aspectos tangíveis e intangíveis.

O capítulo Patrimônio Cultural e Ensino de História: História Local, Memórias e Educação para o Patrimônio, de Daniela Karine dos Santos Acordi e Elison Antonio Paim, expõe algumas reflexões acerca da pesquisa em andamento, que tem como proposta um estudo sobre a Casa do Agente Ferroviário de Estação Cocal, envolvendo estudantes e comunidade escolar da Escola Estadual Básica Vitório Búrigo. Pretende-se construir um projeto de Educação para o Patrimônio pautado em questionamentos acerca dos significados desse espaço para os estudantes e no apagamento dessa edificação nas narrativas atuais sobre a cidade. É apresentada uma proposta metodológica, em diferentes etapas, nas quais se busca evidenciar como o trabalho com as memórias, a partir das narrativas orais, são potencializadoras de um projeto educativo com o patrimônio cultural e a história local.

O capítulo Patrimônio, Sensibilidades e Dever de Memória: Pensando os Patrimônios Difíceis em Ensino de História, de Jonas João do Nascimento e Carlos Eduardo dos Reis, apresenta reflexões de uma pesquisa em andamento que tem como objetivo articular os estudos dos temas sensíveis em Ensino de História à construção de uma proposta de Educação Patrimonial que considere espaços patrimonializados, vinculados a dor e ao sofrimento, enquanto lugares de aprendizagem do ensino de história. Essas reflexões são desenvolvidas a partir de uma pesquisa bibliográfica que procura situar a temática dos patrimônios difíceis, relacionados à memória da dor e dos traumas, no contexto dos debates recentes sobre Patrimônio Cultural. O trabalho também apresenta questionamentos sobre quais seriam os caminhos teóricos e metodológicos para uma Educação Patrimonial, chamando a atenção para a importância do tratamento das sensações e sentimentos como meios de acesso às questões de difícil abordagem e manejo em sala de aula.

A segunda parte do livro, denominada Saberes e sujeitos da/na escola, reúne quatro capítulos que articulam reflexões acerca das potencialidades de ensinar História a partir de temáticas como enfrentamento ao racismo na escola, relações de gênero e livro didático.

O capítulo Lugares Outros e Saberes Outros: Pensamento Decolonial e a Produção de Saberes Para/na Escola, de Técia Goulart de Souza e Elison Antonio Paim, contém reflexões apresentadas na disserta ção finalizada, sobre uma experiência de ensino e pesquisa desenvolvida na cidade de São Sebastião, no Distrito Federal, no Centro de Ensino Fundamental Miguel Arcanjo, com estudantes de sétimo ano, a partir de uma disciplina específica da rede pública do Distrito Federal denominada Parte Diversificada (PD). Aborda como os estudantes, professores e integrantes da comunidade escolar e além dela, se envolveram em atividades que visavam problematizar as relações étnico-raciais no âmbito escolar. A partir do entendimento de como a referida disciplina se estrutura e integra a matriz curricular, foi desenvolvida a interação com sujeitos outros, que, em sua multiplicidade de saberes, contribuem para a efetivação de uma proposta decolonial de currículo, em favor da possibilidade de se contar histórias outras, conforme pressupostos de epistemologias decoloniais.

O capítulo Gênero e Ensino de História: Uma Possibilidade em Redes Sociais, de Jaqueline Pelozato e Cristina Scheibe Wolff, é um estudo em desenvolvimento a partir dos debates sobre relações de gênero presentes na rede social Instagram, considerado como ferramenta para o ensino de História. Enfatiza que operacionalizar o trabalho escolar com mídias constitui um grande desafio para professoras e professores habituados à memorização, à linearidade, ao conhecimento guardado em textos escritos, às aulas expositivas. Para superação dos desafios cotidianos para ensinar história, propõe-se acessar o mundo dos estudantes via redes sociais como meio de compreender o presente na sua relação com o passado.

O capítulo A Ameaça do Discurso da “Ideologia de Gênero” no Ensino de História, de Robson Ferreira Fernandes, Elionay Rodrigues Marques e Janine Gomes da Silva, problematiza o momento conservador e negacionista que estamos vivendo, e situa o debate sobre a “ideologia de gênero”, que atinge diferentes segmentos da sociedade, visando instalar um pânico moral que afeta diretamente muitas práticas pedagógicas escolares.

As reflexões apresentadas estão articuladas com a dissertação já finalizada, “Entre resistência democrática e ofensiva conservadora: fontes e subjetividades do projeto Gênero e Diversidade na Escola”, e a pesquisa em andamento, “A implicação da veiculação de fake news sobre questões de gênero no trabalho das professoras e professores de História”.

O capítulo Livro Didático de História (LDH): Entre a Pesquisa e o Ensino, de Marcos Antônio Rosa Trindade e Carlos Eduardo Reis, apresenta resultados de uma pesquisa concluída sobre os usos do Livro Didático por parte de professores de História que atuam em diferentes escolas da rede municipal de ensino de Florianópolis, Santa Catarina. Analisa o ensino de História e o uso do livro didático, partindo das reflexões oriundas do quadro das pesquisas acadêmicas sobre o tema, articulando-as com as narrativas dos professores. A ênfase recai sobre as formas como os docentes usam o Livro Didático, as críticas tecidas a ele, a necessidade de uma formação específica para trabalhar com o livro, a abertura de diálogos entre a academia e os professores sobre os seus usos e sugere que o Programa Nacional do Livro Didático ouça os professores, para que o uso do livro seja adequado.

A terceira parte do livro, intitulada Saberes escolares, linguagens e fontes, reúne um conjunto de quatro capítulos que se articulam em torno de metodologias propostas para ensinar História tomando como base performances docentes, narrativas míticas, obras literárias e fotografias.

O capítulo Performance Docente e a Construção de Personagens: Novas Possibilidades Para o Ensino de História, de Flávio Teixeira da Cunha, destaca o potencial da performance docente baseada em suas possibilidades de impactar os/as estudantes e de fazer com que a sala de aula se transforme em um espaço que propicie aos alunos e alunas experienciar o passado, possibilitando-se, assim, aprendizagens significativas.

Apresenta uma experiência de pesquisa sobre o tema do Holocausto, que, explorada, no ensino, por meio da performance, visa sensibilizar e despertar, em sala de aula, o sentimento de empatia para com o outro, de maneira a produzir experiências educativas éticas e estéticas.

O capítulo O Caminho de Casa: Ensinar História Com a Literatura e Educar-se nas Relações Étnico-Raciais, de Mariana Cardozo, parte do pressuposto do acirramento das disputas de narrativas em torno da temática racial no continente americano. Relata uma experiência educativa voltada para as relações étnico-raciais no ensino de História com o nono ano do Ensino Fundamental, utilizando, para isso, a obra literária O Caminho de Casa, de Yaa Gyasi. Ao estabelecer um diálogo entre Literatura e História, os estudantes foram convidados a pensar nas diversas narrativas históricas, possibilitando assim uma revisita à sua própria história, suas ancestralidades e às trajetórias de seus familiares.

No capítulo Narrativas Míticas no Ensino de História, de Vanessa de Melo Lino, são apresentadas reflexões teóricas a respeito do uso de narrativas míticas em aulas de História, como parte da pesquisa em desenvolvimento, buscando ampliar as possibilidades sobre as formas de compreender e usar as narrativas míticas para o desenvolvimento integral do ser humano. Traz o relato da experiência pedagógica ‘Contação de mitos greco-romanos’, realizada em quatro edições consecutivas, com turmas dos sextos anos da Rede Estadual de Ensino de Santa Catarina.

Aponta ainda para a possibilidade do uso de narrativas míticas de variadas origens, como as afro-ameríndias. O capítulo O Ensino de História Através de Fotografias: Reflexões a Partir do Acervo de Claro Jansson Sobre a Guerra do Contestado, de Ângelo Antônio de Aguiar e Carlos Eduardo dos Reis, apresenta considerações teórico-metodológicas defendidas por historiadores para o adequado uso de fotografias como fontes na pesquisa e no Ensino de História, com base na coleção de fotografias produzidas por Claro Gustavo Jansson, no contexto da Guerra do Contestado (1912-1916). Discorre acerca das possibilidades e cuidados relativos ao uso de fotografias enquanto documentos históricos no ensino de História.

Com esta publicação, resultante de uma multiplicidade de experiências de ensino e pesquisa, disponibilizamos aos leitores e leitoras o contato com debates que atravessam e são atravessados pelo ensino de História.

Esperamos que os capítulos aqui presentes contribuam para a valorização das diferentes possibilidades do desenvolvimento de ensinos outros, e que estes contemplem, de forma ampliada, a diversidade e multiplicidade de experiências humanas no tempo e no espaço!

Os organizadores.


🔎 Onde baixar o livro?



Veja nosso vídeo sobre o ProfHistória!

Se estiver recebendo no e-mail e não conseguir ver o vídeo, clique aqui.


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