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Se todo mundo se esforçar, todo mundo fica rico?



Continuando o assunto do vídeo sobre meritocracia, quero acrescentar algumas palavras, pra responder à pergunta do título desse post: todo mundo pode ficar rico, se se esforçar?


Já vi muita gente dizendo que quem se esforça chega lá. Mas o que é chegar lá? Bom, depende da perspectiva. Na sociedade em que vivemos, precisamos pensar se falamos como classe média, super-ricos ou miseráveis. E por que a perspectiva muda? Porque se falarmos do "meio", diremos aos de "baixo" que eles também podem, se estudarem, acordarem cedo, se dedicarem ao máximo.

Os de "cima", os mais ricos, dirão que também podemos. Mas no caso deles, é muito mais confortável. Não é atoa que dão palestras motivacionais ou falam de "como ficar rico", criticam pensamentos negativos, estimulam o esforço constante e a autocobrança. Eles já estão no topo e precisam justificar a todo momento o motivo de estarem lá. Para que não haja descontentamento, para que os do meio ou de baixo não se sintam desconfortáveis com a demora em "chegar lá". E pior ainda: queiram se revoltar, lutar contra os de cima, fazer greves e outras ações mais... 

Tais coisas desestabilizam o capitalismo, impedem que ele siga seu fluxo e com isso os de cima continuem auferindo seus lucros.

Poderiamos então nos perguntar: os de cima, estão lá por merecimento? Mais uma vez, a resposta pode variar, de acordo com a posição que se ocupe na sociedade. Os de cima, evidentemente, farão tudo para justificar seu status, sua condição, a riqueza que possuem, as rendas que constantemente recebem. 

Os do meio, muitas vezes, defenderão os de cima, dizendo que "eles merecem". Esses do meio se sentem seduzidos, querem acreditar que, em um golpe de sorte ou "como resultado do seu esforço", também poderão se tornar super-ricos um dia. 

Os de baixo nem sempre acreditam e por isso reagem. Eles são vítimas de forte controle, seja ele institucionalizado, seja ele disfarçaco, como se faz nos tempos atuais através dos dados e informações que os mesmos de baixo fornecem voluntariamente pela internet. 

Os de baixo são constantemente coagidos, reprimidos, direcionados. Tem suas vidas controladas, afinal, não podem agir livremente. Seria muito perigoso. Os de cima, especialmente, fazem de tudo para os de baixo continuarem acreditando. Do contrário, os de baixo poderão pedir cabeças, guilhotinar, destruir propriedades...

Os de baixo, por vezes, desacreditam e acabam em vidas reprováveis legalmente. Mas, muitos de baixo seguem acreditando: estudam, se esforçam, miram longe. Muitos de baixo seguem o protocolo, lavantam cedo, chegam nos trabalhos na hora determinada, reclamam baixinho (pra não ofender o patrão). Os de baixo que assim fazem tem esperanças de chegar lá um dia; mas no trabalho tem medo de se manifestar, com medo de represália, de serem punidos, de perderem o emprego, de não terem como pagar as contas.

Mas, o mundo em que vivemos, especialmente o país em que vivemos, do capitalismo, da pregação da liberdade de ação e iniciativa, não é justo. As rendas são divididas desigualmente - e em épocas de crise, a coisa fica ainda pior. Em tempos de pandemia, por exemplo, em que se fala em recessão e coisas afins, vemos grandes companhias batendo recordes de faturamento e não o contrário. Mas, os de baixo se afundam ainda mais nesses tempos difíceis, muitos dos quais ficam sem emprego, sem dinheiro, sem comida. Os do meio se desesperam, com medo de perder "o que conquistaram" e irem (ou voltarem) para baixo.

Nesse cenário voltamos a pergunta: se todos se esforçarem, todos serão ricos? A resposta é NÃO. 

Pelo menos não enquanto nossa sociedade se basear em uma falsa meritocracia; não enquanto tivermos uma divisão desigual de bens; não enquanto medidas corretivas não forem adotadas de forma profunda; não enquanto vivermos em uma sociedade em que o objetivo principal é o lucro a todo custo e às custas da maioria. Uma maioria que é culpada por ser pobre, sobre a qual se diz que "não se esforça o suficiente", que "não faz a coisa certa", que "não é rica porque não quer".

O mais triste em meio a esse mundo onde se naturaliza a desigualdade é ver os do meio e muitos dos de baixo defendendo os de cima. Continuando a acreditar que se fizerem tudo conforme está no script, se o Estado não atrapalhar, se desregulamentarmos tudo, se "deixarmos fazer, deixarmos passar", então "naturalmente" eles também chegarão lá em cima um dia.  

Já assistiu ao nosso vídeo sobre meritocracia? Se não, vai lá!

Se estiver recebendo no e-mail e não conseguir ver o vídeo, clique aqui.

A Cilada da Meritocracia
Daniel Markovits
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