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A economia da América Latina (da colonização às primeiras décadas do século XX)

     

A economia latino-americana levou tempos para ganhar importância e identidade própria, indo da exploração colonial à relativa liberdade para se industrializar. É sobre isso que quero falar nesse post.

Em dois séculos, as economias latino-americanas foram marcadas profundamente pela colonização. Foram mais de 300 anos de exploração e espoliação. Era uma produção pra fora, tendo as metrópolis (portuguesa e espanhola) como destinatária das riquezas conseguidas com os produtos da região. A lógica era comprar da metrópolis ou sua licenciada e vender tudo o que produzia para a mesma ou sua intermediária.
Embora do lado espanhol tenha havia alguns arremedos de fábricas, as poucas manufaturas, em geral vinham de fora. O que seguiu acontecendo após a Revolução Industrial. Inclusive havia a proibição no Brasil da existência de indústrias, só em parte desfeita a partir das reformas pombalinas e, especialmente, com a presença da família Real no Brasil a partir de 1808.
A colonização teve fim com os inúmeros movimentos de independência - mais ou menos violentos, entre o fim do século XVIII e as primeiras décadas do XIX. Mas isso não significou muito avanço econômico, pelo menos não até meados do século XIX.
Isso ocorre em parte por causa das perturbações que seguiram às formações dos novos Estados nacionais, fossem as guerras civis entre partidos e grupo, fosse as guerras para a conformação dos territórios desses novos países, fossem ainda as guerras internacionais, exemplo máximo da Guerra do Paraguai. 
A falta de avanço nas economias sulamericanas se deu também por causa da dependência externa que seguiu forte, tendo sido apenas transferida das antigas metrópolis (nos casos espanhois e português) para a Inglaterra ou a França, por exemplo.
Nesse contexto, o crescimento das economias latino-americanas, em geral, foi lento e alternou em alguns países entre a estagnação e recessão. Até mesmo a população só cresceria de forma mais importante a partir da década de 1870. A partir daí, contribuiu para o crescimento da população, especialmente da Argentina e do Brasil, uma massiva imigração europeia (especialmente italiana) e asiática.
Industrialização mesmo, só no fim do século.
A partir do final do século XIX, é que alguns países passam a mostrar sinais de crescimento econômico importante. O destaque maior seria então a Argentina, que tem até o começo do século XX taxas de crescimento comparáveis às grandes potências mundiais, em alguns casos até maior. Para se ter uma ideia, o PIB real argentino teria crescido a uma taxa média anual de pelo menos 5% entre 1870-1918.
Buenos Aires do século XIX
Mas, mesmo a Argentina, sofreu fortes abalos nesse período - especialmente com a Crise do banco Bering, também apelidada de Pânico de 1890, que diversos economistas consideram a primeira Grande Depressão do Capitalismo.
Ainda assim, o crescimento das economias latino-americanas aconteceu de forma bem setorial - centrado na indústria texto e outras industriais marginais. Puxados também por investimentos externos, exemplo máximo das estradas de ferro.
Há muito atraso quando se fala de indústrias de base ou produtoras de bens de capital. O grosso da industrialização, como sabemos, fica na Europa e nos Estados Unidos, que dominam a economia mundial e promovem o Imperialismo. A Inglaterra domina até a Primeira Guerra Mundial, seguida de perto pela Alemanha. O que passaria a mudar drasticamente a partir desse conflito.

Até a primeira guerra, o que manda na América Latina é a agroexportação, a venda de bens primários - fossem materias primas ou produtos tropicais (exemplo da banana). Essa economia primária é centrada em uma meia dúzia de produtos, cuja situação é dependente do que acontece no exterior, nos grandes mercados compradores. Isso ocorre com o salitre no Chile, com as carnes e couros na Argentina e no Uruguai, com a borracha, o mate e o café no Brasil - só pra ficarmos em uns poucos exemplos.
Outra coisa é que o mercado interno dos países da região é muito fraco. Há muito de produção de subsistência e onde há comércio pouco fluxo de capitais. Situação que passa a mudar, por exemplo, com a libertação dos escravos ao longo do subcontinente a partir da década de 1850; além de mudar mais ainda com a vinda em massa de imigrantes. Tudo isso forma um mercado de trabalho com cara cada vez mais diferente, onde haveria um peso maior dos salários que demandam dinheiro, que por sua vez circula em muito maior quantidade na economia.
São Paulo
Bons Ares, novos tempos 
Seja como for, a fase 1870-1929 é de mudanças importantes, com altos índices de crescimento do PIB e do PIB per capita para alguns países latino-americanos - exemplo mais importante da Argentina, como já mostrei há pouco. 
As economias da região terão uma mudança significativa, com uma industrialização mais intensa começando a ser desenhada a partir da Primeira Guerra, mas que se tornaria ainda especialmente singnificativa a partir da Segunda Guerra, no que muitos historiadores e economistas (especialmente da CEPAL) chamam de "fase de substituição de importações" e de crescimento do mercado interno desses países. 
Antes as economias da região era voltadas para fora, mandando suas comodities, comprando quase tudo que consumiam em termos de manufaturados. Daí em diante, passam a substituir essas importações, produzindo muito do que precisavam ou desejavam em termos de consumo.

Algumas referências para vocês
Leslie Bethell (Editor) - História da América Latina: de 1870 a 1930 (Volumes 4 e 5)

Veja o vídeo da série historiadores brasileiros!
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Referências:


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