Loucuras de domingo | José A. Fernandes

Às vezes penso que, vivendo anos depois, aprendi mais com os Mutantes e sua geração do que imaginava. E a vida nos ensina que viver é como experimentar todo dia, ainda que com frases livres que não rimem, não sejam enquadradas e nem façam todo sentido o tempo todo...

Você quando anda meio desligado, naqueles dias em que olha e não vê nada, sente como se o fim não fosse mais resultado do começo. Para pra pensar e... e começa a achar que está louco...

Você olha, pensa, vê os que passam, que vem e que vão. Procura explicação. Explicação pra se sentir diferente dos outros que só querem pão e circo, pois estão ocupadas em nascer e morrer.

Você começa a olhar o mundo com suas futilidades... e vê que também tem as suas. Como quando tem aquela coleção old fashioned na estante ou quando espera que seus amigos te acompanhem em todos os lugares, ainda que os lugares sejam non sense. Como quando espero eu (e talvez você também) que eles aprendam inglês, como quem diz que precisam aprender o eu sei - e o que nem sei mais...

Você, como eu, vai perdendo as ilusões, daquelas de quando acreditava que tudo deveria ser certinho, cada um no seu quadrado, se encaixando entre o A e o Z. Vê que não faz mais sentido, como pra nós é o alfabeto russo e descobre também que soa meio insano esperar a menina, que após desaparecer a lua prateada, surge com o sol dourado...

Você, no final e apesar de tudo, vai ver que existe felicidade (seja lá o que ela queira significar) em coisas que só pra você faz sentido... que não vai se perder por aí. Se bem que se perder, as vezes, é se redescobrir no fim, pois se descobre que o louco é quem nos diz, que não é feliz.