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Direita e Esquerda | Heitor Henrique



Caro leitor, percebeste a grande facilidade ou mesmo a futilidade com que se têm usado termos tão importantes da história política mundial como direita e esquerda ultimamente? Será que estes termos têm sido utilizados de maneira adequada? 

Posso lhe garantir que na maioria esmagadora dos casos os termos mencionados têm sido usados de maneira errônea. Porém, nem sempre este uso tem sido de maneira inocente ou inconsciente. Em muitos casos, na origem do fato eles têm sido usados desta forma propositalmente, com uma intenção política de desinformação. Esta ação é sim consciente e as demais pessoas, que não possuem um conhecimento adequando destes termos, os repassam desta mesma forma sem ao menos perceberem os erros e usos políticos no caso e ainda acreditam estar repassando informações verídicas.

Antes de continuar a discussão sobre estes dois termos, gostaria de salientar algo: a diferença de fato e opinião. Fatos são comprovados e não possuem alterações, a menos que comprovados cientificamente, tal como dois mais dois são quatro. As opiniões são expressões pessoais e diversas sobre os fatos, mas não alteram a veracidade do mesmo, dito isso podemos continuar a nossa discussão.

Direita e Esquerda são espectros políticos e econômicos antagônicos aos quais podemos classificar diferentes governos, em diferentes épocas e lugares. Podemos sim ter opiniões sobre esses espectros e sobre quem os adotam, mas as suas definições já estão estabelecidas de maneira científica. Um rápido exemplo: o Nazismo foi um governo de direita e ponto final; isso já é uma verdade absoluta dentro de toda a comunidade científica internacional, e de nada adianta dizer: “Na minha opinião o Nazismo foi de esquerda.” Contra fatos não há opinião que se sustente. Podemos ter opiniões sobre o fato, isso sim.

Os termos direita e esquerda surgiram durante a Revolução Francesa, no fim do século XVIII, para designar grupos de posturas opostas naquela realidade francesa e estes termos foram amadurecendo em sua definição nos séculos seguintes até os dias atuais. As aulas de História e Geografia são importantes para aprendermos sobre estes aspectos e não ficarmos repetindo mentiras a respeito. E o que vem a ser direta e esquerda, afinal?

A esquerda desde a Revolução Francesa foi associada à luta pelos direitos dos trabalhadores e a população mais pobre, ressaltando a importância de assistências governamentais no auxílio a diminuição das desigualdades sociais. Já a direita está ligada a uma visão mais conservadora, ligada a um comportamento tradicional, que busca manter o poder da elite e promover o bem estar individual, sendo contra interferências estatais na regulamentação econômica em qualquer nível. Bem resumidamente, respeitando a limitação de espaço para a discussão essas são definições bem amplas dos termos, mas cada um dos lados podem sim ter a sua versão extremada. De qualquer forma não há nenhum problema em um indivíduo se identificar com um ou outro lado, contanto que se mantenha o respeito mútuo entre ambos.

E é assim que os termos tem sido categorizados no nosso país? Óbvio que não.

No nosso país houve uma deturpação proposital em relação aos termos. Aqui esquerda tem se tornado sinônimo de espera por ajuda estatal, comodismo, desapreço por valores familiares tradicionais e pela religião, vagabundismo e de maneira mais incisiva se tornou sinônimo de crime e antipatriotismo. Qualquer atitude de discordância em relação ao atual governo já são taxados de atitudes de esquerda, hoje se escuta que partidos políticos como o PSBD e veículos da grande imprensa mundial (The Economist, Financial Times) são de esquerda. Enquanto isso a direita no Brasil seria sinônimo de patriotismo, dedicação ao trabalho e apreço a valores familiares e cristãos, ou seja, o “cidadão de bem”. Caro leitor, se você acredita que essa é a diferença entre os espectros políticos, lamento dizer que está redondamente enganado.

Realmente este é um assunto muito polêmico e que gera amplas discussões, estou disposto a elas, mas com uma condição, que a mesma seja feita com respeito e o uso de argumentos científicos sérios e fontes confiáveis e sem o uso de senso comum e achismos.

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HEITOR ESPERANÇA HENRIQUE: É formado em História pela Universidade Estadual de Maringá, possui Mestrado pela mesma instituição. Inicia o seu doutorado pela Universidade Federal do Paraná em fevereiro de 2018. Atualmente atua como professor no departamento de História da Fafiman.

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 Guerra Fria segredos

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