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Livros e autores BRASILEIROS sobre a IDADE MÉDIA

    

Diante do grande interesse demonstrado no post anterior, em parceria com o pesquisador Elias Feitosa de Amorim Jr, quero falar com vocês sobre os autores brasileiros que estudam a Idade Média.

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Existem grupos de pesquisa, revistas especializadas e inúmeros estudiosos do medievo. A lista é grande e não queremos aqui falar de tudo, o que seria impossível. Por isso, este guia reúne uma seleção de textos da produção medieval nacional, que complementa o outro texto que postei aqui que focou mais na bibliografia estrangeira. Esses textos de pesquisadores brasileiros são riquíssimos e lançam luz sobre o período, além de estarem inseridos nas publicações mais recentes das últimas duas décadas. 
Essas obras abordam temas diversos, desde a poesia dos trovadores provençais até a desmistificação dos mitos sobre cavaleiros e castelos medievais. Elas proporcionam aos interessados em história medieval uma oportunidade única de explorar novas perspectivas e descobertas que enriquecem nossa compreensão desse período fascinante e sua influência contínua na cultura moderna. 
Com esses e os diversos outros textos disponíveis em forma de artigos científicos e vídeos de palestras, é possível identificar em que pé andam as pesquisas e saber, por exemplo, onde se inserir nelas.
Começando do começo, para quem ainda precisa se introduzir no tema, temos o livro História Medieval, lançado pela Editora Contexto, em 2019. Aqui seu autor, Marcelo Cândido da Silva, professor da Usp, se dedica a apresentar e discutir as principais características desse período, dando ênfase a seus contrastes: a fome, a peste e as guerras se alternando com tempos de paz e prosperidade; o universalismo do papado convivendo com os particularismos senhoriais e com as monarquias em vias de centralização.
Indo um pouco mais a fundo, podemos citar Beatriz Bossio e seu O mundo falava árabe: A civilização árabe-islâmica clássica através da obra de Ibn Khaldun e Ibn Battuta, que saiu pela  Civilização Brasileira em 2013. 
Esse livro faz um estudo cultural acerca da civilização árabe tendo por base dois importantes intelectuais africanos, muçulmanos e medievais, Ibn Khaldun e Ibn Battuta. Por isso, desconstrói algumas questões orientalistas sobre as regiões do norte da África e das penínsulas a partir de uma perspectiva de transculturalidade. 
A autora Beatriz Bissio é uma jornalista, historiadora e cientista política, nascida no Uruguai e naturalizada brasileira, que tem dedicado alguns anos de sua vida à impressa, onde teve contato direito com a cultura árabe. O primeiro capítulo do livro pode ser interessante para uma aula sobre as trocas culturais no mundo medieval e também para pensar possibilidade de pesquisas.
Outro nome importante da historiografia medievalista nacional é José Rivair Macedo. É dele o Dicionário de História da África vol.1: séculos VII a XVI, que é bem conhecido de pesquisadores e professores da rede pública de ensino. Este dicionário aborda a História da África tendo a própria África como centro e sujeito dos acontecimentos, procurando fugir das abordagens convencionais. 
Além dos mais de 1200 verbetes, esta obra traz: uma síntese cronológica, contextualizando os principais acontecimentos no continente africano entre os séculos VII e XVI (período medieval europeu); o embate entre as ideias e os interesses do islã, do cristianismo e da religião tradicional; as disputas pelo controle das fontes de riquezas e das rotas de comércio; o surgimento de unidades políticas criadas e expandidas por lideranças locais; biografias de líderes religiosos, políticos e outras figuras históricas; referências cruzadas entre os verbetes; extensa bibliografia relacionada e muito mais.
Bispo Heahmund, da série Vikings
Temos também Leandro Duarte Rust, com seu Bispos Guerreiros - Violência e fé antes das cruzadas, lançado pela Editora Vozes em 2018. Como ele procura mostrar, quando um bispo lidera o exército é difícil afirmar se o silêncio que antecede a batalha é a incerteza sobre o que virá ou a convicção de que as preces serão atendidas. 
Ao ler Bispos Guerreiros, passamos a compreender o porquê: religião e guerra se combinam de muitas maneiras, em desfechos diversos e inesperados. Por isso, este livro, com análise de farta documentação e enveredando por uma época desafiadora, revela a existência de uma Igreja militarizada muito antes das Cruzadas.
Do mesmo autor temos também Mitos papais - Política e imaginação na história. Esse é um livro que inclui tempos múltiplos, além da Idade Média, analisando a força dos mitos na busca contemporânea pela verdade. As relações entre poder e religião protagonizadas pelo Vaticano ainda hoje são analisadas através de cinco histórias fabulosas: o reencontro arqueológico com o Apóstolo Pedro, a pureza e a corrupção do Cristianismo Primitivo, a salvação pública pela Reforma Gregoriana, a tirania familiar do Papa Bórgia e a suspeita da cumplicidade entre a Santa Sé e Hitler. A mitologia guarda alguns dos nossos dilemas mais reais. 
Dicionários temáticos são ótimos, ainda mais quando feitos por pesquisadores compromissados e com amplo referencial de apoio. Além do que já citei acima, temos ainda o livro coletivo organizado de Renata Cristina de Sousa Nascimento e Guilherme Queiroz de Souza. Seu Dicionário: cem fragmentos biográficos. A Idade Média em trajetórias nasceu como uma obra de referência para os acadêmicos brasileiros e o público lusófono em geral. 
Os organizadores fizeram um esforço inédito ao juntar cem pesquisadoras e pesquisadores brasileiros e estrangeiros neste projeto, elegendo cem personalidades medievais cujas trajetórias foram biografadas em esforço coletivo de medievalistas de diferentes regiões do Brasil.
Outro livro interessante é o de Marcos Roberto Nunes Costa e Rafael Ferreira Costa sobre as Mulheres intelectuais na Idade Média. O que eles procuram mostrar é que, apesar de todas as evidências, se vasculharmos a construção do O Pensamento Ocidental veremos que as mulheres sempre estiveram presentes, contribuindo indireta ou diretamente, seja como sujeito passivo ou ativo desta história. 
E até é possível identificar, segundo eles, a presença de algumas delas já nos tempos remotos, na Filosofia Clássica Antiga, por exemplo, passando pela Antiguidade Tardia, pela Patrística (ou Alta Idade Média), pela Escolástica (ou Baixa Idade Média), até alcançarmos o Renascimento
Beguina medieval
Seguindo esse nosso passeio pela bibliografia sobre a Idade Média, temos mais um livro feito por várias mãoes, organizado por Rosiane Graça Rigas Martins e Marta de Carvalho Silveira: Idade Média em questão. O livro saiu em formato Ebook pela Chalé Editorial, em 2022. 
Ele reúne vinte e dois trabalhos de autoria de professores, pesquisadores (especialistas, mestres e doutores), alunos de pós-graduação, graduação e egressos que têm desenvolvido suas pesquisas no âmbito de diferentes Instituições de Ensino Superior (IES) públicas e privadas do Brasil e do exterior. 
Diversos temas relacionados ao estudo e ao ensino da Idade Média nos dias atuais são apresentados a partir da análise das mais variadas fontes – literárias, epistolares, jurídicas, científicas, imagéticas, hagiográficas, dentre outras — incitando-nos a pensar sobre as problemáticas, os conceitos, os referenciais teórico-metodológicos que vêm sendo alvo de reflexões e diálogos sobre o período medieval em diversas áreas do conhecimento. 
Além disso, você como o leitor tem contato com algumas propostas e ponderações acerca do ensino da História Medieval e a sua relação com as proposições estabelecidas pelo sistema educacional brasileiro. 
Para encerrar sem querer concluir essa nossa lista, Tamara Quirino, Aldilene César Diniz e Maria Izabel de Souza lançaram nesse ano de 2023 o livro Imagens cristãs. História, arte e práticas religiosas. O livro reúne textos de pesquisadores brasileiros e estrangeiros que discutem os múltiplos formatos, suportes, sentidos, funções e usos das imagens pelo cristianismo ao longo de mais de mil e quinhentos anos.
Guerreiros medievais

A obra apresenta textos envolventes que tratam de imagens produzidas deste a Idade Média, o Renascimento, o Barroco até a contemporaneidade, entradas em diferentes lugares, como são exemplo a Índia, a Europa e o Brasil. Esta abordagem interdisciplinar é a grande contribuição que este livro traz aos estudos sobre as imagens cristãs, afastando-se das perspectivas tradicionais que priorizam a análise imagética a partir de questões estilísticas e formais.
Bom, é isso, lembrando que a lista inclui livros que estão disponíveis ou são fáceis de encontrar atualmente. Espero que tenham gostado. Fiquem à vontade para comentar e sugerir algum outro livro que de repente ficou de fora desse post.  


Para ver mais sobre os medievalistas citados e outros Historiadores em Perfilclique aqui!

Assista a um vídeo nosso sobre Feudalismo!

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