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Historiadores em Perfil: Michel Vovelle




Ele foi um grande historiador da modernidade e um dos maiores conhecedores da Revolução Francesa!

Michel Vovelle nasceu na cidade de Lyon, em 6 de fevereiro de 1933 e faleceu em Aix-en-Provence, em 6 de outubro de 2018. Se formou na École Normale Supérieure de Saint-Cloud, de Lyon, em 1956.

Desde que se tornou historiador se dedicou aos estudos do que chamamos de Idade Moderna, especialmente a francesa. É nesse sentido que se tornou um grande especialista nos séculos XVII e XVIII, e em particular da Revolução Francesa. Esteve diretamente envolvido com a chamada História das mentalidades, que permeou muitos dos seus estudos, sobretudo até fins dos anos 1980. Para ele, tratava-se do estudo das mediações e da relação dialética entre, de um lado, as condições objetivas da vida dos homens e, de outro, a maneira como eles a narram e mesmo como a vivem. 

Ele viu muita coisa importante acontecer na historiografia francesa e mundial. Tendo nascido na conturbada década de 1930, sem dúvida teve contato com a Escola dos Annales de Marc Bloch e Lucien Febvre. Mas, além dela, foi fortemente influenciado pelas ideias de Karl Marx, dos marxistas e pelo Materialismo Histórico, em geral, que fizeram parte de sua formação. 


É nesse sentido que seus estudos deram atenção às estruturas, econômicas e sociais. Mas, para além disso, especialmente a partir dos anos 1990, passou a dedicar importante espaço aos atores individuais, que eram, com algumas exceções, deixados de lado nas pesquisas históricas, especialmente pelos marxistas, que priorizavam as estruturas, as superestruturas e as conjunturas - ou seja, as visões mais globalizantes.

Aliás, com Bernard Lepetit, Michel Vovelle foi um dos precursores da Micro-história na França. Essa corrente, surgida com os italianos nos anos 1980 - especialmente com Carlo Ginzburg e Giovani Levi -, dá atenção aos personagens particulares e aos micro-espaços, reduzindo a escala de observação de seus objetos na pesquisa, sem abrir mão de densa documentação e analise criteriosa

Michel Vovelle se dedicou ao longo da vida a temas de extrema importância, seja para os franceses, seja para a compreensão de temas que interessam muito ao Ocidente. Nos 1970 e 1980, por exemplo, publicou importante trabalho sobre a morte no Ocidente. Também estudou e escreveu sobre a religião em geral, tema recorrente que apareceu em subtemas como a igreja enquanto instituição, a piedade barroca, o purgatório, a descristianização e mesmo as festas e os foliões.


Mas, para além desses, um grande tema em especial recebeu atenção ao longo de sua trajetória: a Revolução Francesa. Em torno dele ele fez carreira e analisou múltiplos aspectos, tais como o Iluminismo, a "mentalidade" revolucionária, a relação da revolução com a religião, os jacobinos, as repúblicas e, claro, as heranças da década revolucionária. Sobre a Revolução escreveu tanto para entendidos, como para sua neta, como ficou registrado em título de um livro seu (A Revolução Francesa Explicada à Minha Neta). Travou um "combate" em torno da Revolução Francesa, suas consequências, permanências e memórias, dialogando com "clássicos", "revisionistas", críticos e defensores.

Michel Vovelle foi professor de História Moderna na Université de Provence Aix-Marseille I e, mais tarde, foi professor de História da Revolução Francesa na Universidade de Paris I Panthéon-Sorbonne (Paris). Além disso, foi também diretor do Instituto Histórico da Revolução Francesa, sucedendo a Albert Soboul, outro grande estudioso do tema no século XX.



Bom, por enquanto é isso. Caso queira saber mais sobre esse autor, existe, entre outros, o livro Reflexões sobre o Saber Histórico: Entrevistas com Pierre Villar, Michel Vovelle, Madeleine Rebérioux, organizado por Marcia Mansor Alessio.



Os livros desse autor:

Vision de la mort et de l'au-delà en Provence du XV au XIXe d'après les autels des âmes du purgatoire (1970, com Gaby Vovelle)

Piété baroque et déchristianisation en Provence au Plantilla:S-. Les attitudes devant la mort d'après les clauses de testaments, Seuil (1978).


L'Irrésistible Ascension de Joseph Sec bourgeois d'Aix, Aix, (1975)

La Métamorphose de la fête en Provence de 1750 à 1820, (1976)

Religion et Révolution : la déchristianisation de l'an II, (1976)

La Mort et l'Occident de 1300 à nos jours (1983)

La Ville des morts, essai sur l'imaginaire collectif urbain d'après les cimetières provençaux, 1800-1980 (1983, con Régis Bertrand)

Théodore Desorgues ou la désorganisation: Aix-Paris, 1763-1808,  (1985)

La Mentalité révolutionnaire: société et mentalités sous la Révolution française (1986) 

1793, la Révolution contre l'Église: de la raison à l'être suprême (1988)

Les Aventures de la raison Belfond (1989, Entr. con Richard Figuier)

1789 l'héritage et la mémoire (1989).

De la cave au grenier (1980)

Histoires figurales: des monstres médiévaux à Wonderwoman (1989)

La Révolution française (1992) / edição em português A Revolução Francesa



Le Siècle des lumières (1997)


Les Républiques sous les regards de la grande nation (2001)


Les Folies d'Aix ou la fin d'un monde (2003)


Idéologies et mentalités / edição em português Ideologias e Mentalidades






L'Image de la Revolution Francaise (palestras)


Livro destaque desse autor:
A Revolução Francesa
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